segunda-feira, 9 de abril de 2012

FOTO DE ANIMAL ESTIMULA AMÍGDALA DIREITA
Um estudo com 41 pessoas com epilepsia, publicado na Nature, mostra que observar imagens de bichos ativa especialmente a amígdala do hemisfério direito do cérebro. Os voluntários tiveram várias regiões neurais monitoradas enquanto viam fotografias de artistas de cinema, eventos históricos, objetos e várias espécies de animais, cada uma exibida durante um segundo. "Os eletrodos detectaram registros elétricos de cerca de 500 neurônios em cada estrutura analisada. O padrão de atividade na amígdala muda de forma drástica diante das fotos de bichos - sejam eles pequenos mamíferos ou carnívoros de grande porte -, o que não acontece nas outras regiões", diz um dos autores da pesquisa, o neurocientista Christof Koch do Instituto Allen de Ciências do Cérebro, em Washington.
Segundo Koch, o estudo foi feito com um grupo de epiléticos porque pessoas com esse distúrbio apresentam hiperatividade em algumas regiões neurais, entre elas a amígdala,  o que facilita o estudo das reações. O pesquisador não sabe exatamente o motivo dessa resposta tão sutil, mas sugere que a causa é evolucionária, pois a amígdala é ligada à percepção de ameaças. "Foi a primeira vez que detectamos assimetria hemisférica em relação a uma estrutura cerebral específica, o que é extraordinário", observa.
(Mente e Cérebro. Ano XIX nº230)
OS  SEIS  TIPOS  DE  ANSIEDADE
1. Fobia específica - é o medo de um estímulo ou de determinada situação, como dirigir, viajar de avião, entrar na água, aproximar-se de certos animais, etc. Existe uma crença subjacente de que o objeto em si é uma ameaça: o avião pode cair ou um cão pode morder. Pouco mais de 10% das pessoas apresentam alguma  fobia, embora uma quantidade muito maior possa ter medos exagerados e irracionais deflagrados por um ou mais estímulos.
2. Transtorno do pânico - é o estado de extremo desconforto diante das próprias  reações fisiológicas e psiciológicas a um estímulo - em essência, receio de um ataque de pânico e, em última instância, o medo da morte. Quaisquer anormalidades como respiração alterada ou batimentos cardíacos acelerados, vertigens, suores ou temores são interpretados como sinais de colapso iminente, insanidade ou morte. Para fugir dessas sensações, a pessoa tende a evitar as situações que acredita poderem acionar essas reações, o que com frequência limita de maneira grave a mobilidade.
3. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) - caracterizado por pensamentos recorrentes ou imagens (obsessões) estressantes - por exemplo, a pessoa teme ser contaminada, perder o controle em público, cometer um erro ou se comportar de maneira inadequada. Para fugir disso, tem a necessidade urgente de realizar certas ações (compulsões) que, em sua fantasia, neutralizarão esses pensamentos intrusivos: lavar-se, realizar rituais, fazer verificações constantes, etc. O transtorno, em geral, leva à depressão e afeta cerca de 3% da população.
4. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) - é, essencialmente, a tendência de se preocupar continuamente. Nas mais diversas situações, os pensamentos se voltam para todas as possíveis consequências negativas e as maneiras de impedi-las. A maioria das pessoas que sofre da patologia acredita que ela é um traço de sua personalidade e que o excesso de preocupação é indispensável para sua sobrevivência. O transtorno é, muitas vezes, acompanhado por sintomas físicos de estresse: insônia, tensão muscular, problemas gastrintestinais, etc. Cerca de 10% da população têm o distúrbio.
5. Transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social- medo de ser julgado pelos outros, especialmente em situações sociais como reuniões de trabalho, apresentações, festas, encontros amorosos; até comer em companhia de outras pessoas ou usar banheiros públicos torna-se em suplício. Os sintomas incluem tensão extrema ou "paralisia", preocupação obsessiva com interações, tendência ao isolamento e à solidão. O transtorno é frequentemente acompanhado pelo uso de drogas e álcool. Cerca de 15% das pessoas têm esse problema, em algum grau.
6. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) - medo excessivo causado por exposição anterior a uma ameaça ou dano. Traumas comuns são decorrentes de violência física ou sexual, acidentes e conflitos armados. As pessoas que sofrem desse transtorno frequentemente voltam a experimentar seus traumas sob a forma de pesadelos ou flashbacks e evitam situações que tragam lembranças perturbadoras. Podem exibir irritabilidade, tensão e hipervigilância. Abuso de drogas e álcool entre elas é endêmico, assim como a depressão. Aproximadamente 15% da população sofre do distúrbio.
(Mente e Cérebro. Ano XIX. nº230)

terça-feira, 3 de abril de 2012

A TENDÊNCIA  DOS  NOMES
Na evolução flutuante dos batismos, saem marias e josés, entram jessicas e washingtons
Deonísio da Silva

O nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida. Estará inscrito nos registros: na maternidade, no cartório, na certidão de batismo, no RG, no CPF, no obituário, etc. Enfim, uma escolha que não fizemos nos acompanha do berço ao túmulo, pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano de Tal.
Até o alvorecer da República Velha, só a Igreja sabia direito onde os brasileiros nasciam, viviam e morriam, que nomes tinham, de quem descendiam, etc. Pois era ela quem os batizava, casava e enterrava. Nos nomes, predominavam homenagens a santos do dia, daí a profusão de Josés, Joões, Marias, Anas, Madalenas. Mas, como em Portugal, personagens históricos, vultos políticos, cientistas, artistas, escritores e, recentemente, jogadores de futebol, cantores e atores inspiraram pais e avós.
No século 19, houve abundância de nomes como Ubirajara, Peri, Iracema e Moema, inspirados no tupi-guarani, para ratificar nossa separação de Portugal. Mas o costume de dar nomes portugueses aos filhos continuou por décadas. E Pedro, Isabel, Amélia, etc. eram homenagens que o povo continuava a prestar à aristocracia luso-brasileira.
Contudo, eles passaram a conviver com nomes franceses, que refletiam influências e dependências. Ainda que Dom João VI tenha enganado Napoleão, pois na última hora transferiu a capital do reino para o Brasil, os nomes denunciavam uma vitória que a França derrotada impusera à Inglaterra vencedora, que protegera a Família Real na travessia. Assim, não só nos cardápios, nas vestes, nos perfumes e penteados, também nos nomes os brasileiros rendiam homenagens francesas.
Tinha havido algo semelhante séculos antes em Portugal. Nomes do hebraico, como Rafael, Daniel e Miguel, para meninos, e Rute, Sara e Raquel, para as meninas, mostravam que os derrotados impuseram derrotas no campo dos nomes. Na segunda metade do século 20, a antropologia fez com que a sociedade vivesse um refluxo indígena e voltassem Mayra, Potiguara, Paraguaçu, etc., espécie de defesa a tantas Kelly e Jessica, nos batismos femininos, e Washington, Elton e Wellington. Os nomes de esportistas a artistas estão entre aqueles que a mídia mais divulga. E foram parar nos cartórios.
Mas não nos esqueçamos da criatividade nordestina, que, ao juntar as primeiras sílabas de um nome às últimas de outro, produz um terceiro, inédito nos cartórios.
(Língua Portuguesa março2012)
"EFEITO  GOOGLE" NO CÉREBRO

A internet mudou a forma como armazenamos informações - é o que sugere artigo publicado na revista Science. Segundo a psicóloga Betsy Sparrow, autora do texto, o cérebro reconhece a rede como uma espécie de memória externa e, para economizar energia - algo que temos feito durante toda a evolução -, delega à web a tarefa de lembrar-se das coisas.
Betsy, que é professora da Universidade Colúmbia, relata quatro experimentos, cujos voluntários foram alunos da instituição. Em um deles, por exemplo, pediu que lessem notícias de diferentes conteúdos antes de realizar um texte de memória. Ela disse para alguns deles que  seria permitido checar os dados na internet e, para outros, que isso não seria possível. A psicóloga observou que o primeiro grupo teve menor índice de retenção de informações. "Parece que saber onde encontrar detalhes sobre um acontecimento elimina a necessidade de armazená-los, como se o cérebro se adaptasse às circunstâncias atuais", conclui.
(Mente e Cérebro. Ano XIX nº230 março 2012)
A rede do estresse
Pressões sofridas no trabalho podem se estender para outros ambientes e prejudicar relações sociais e afetivas

Se prazos curtos, jornada excessiva e atitudes hostis de colegas fazem parte do seu dia a dia no trabalho, é muito provável que esses fatores não afetem somente você. Segundo estudo da Universidade Baylor, no Texas, publicado no Journal of Organizational Behavior, a onda de estresse pode atingir seus amigos, parentes, parceiros amorosos e até mesmo quem trabalha com eles.
A psicóloga Merideth Ferguson entrevistou ao longo de várias semanas profissionais de diferentes áreas e as pessoas que viviam com elas. Ela observou que relatos de conflitos conjugais, por exemplo, eram mais frequentes entre os parceiros de funcionários que diziam ser tratados de forma indelicada pelo chefe ou colegas - fator que se mostrou mais relacionado ao estresse que a carga horária excessiva ou a pressão para o cumprimento de metas.
"O estresse ligado ao trabalho pode se manifestar em oscilações de humor, distúrbio do sono, dores de cabeça e problemas digestivos. Considerando esses sintomas, é de imaginar que seja difícil separar as tensões profissionais da vida pessoal", diz Merideth. Para a pesquisadora, a maneira pela qual cada um lida com exigências e frustrações torna as pessoas mais ou menos propensas a propagar a rede de estresse. "Encontrar meios de relaxar regularmente e ficar atento aos próprios pensamentos - identificando, por exemplo, quando um sentimento relativo ao trabalho serve como gatilho para discussão com o namorado ou a namorada - pode ajudar a conter a 'onda' do estresse", observa.
( Mente e Cérebro. Ano XIX, nº 230 março 2012)



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