quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A origem popular de expressões brasileiras


PÓ DE MICO
A origem da expressão que já foi nome de marchinha de carnaval
Márcio Cotrim
É o esponjilito, tipo especial de pozolana, uma substância existente nas rochas vulcânicas encontradas na região de Pozzuoli, perto no monte Vesúvio, no sul da Itália.
E daí, onde é que entra o pó de mico nisso? Voltemos ao esponjilito. Fragmento da pozolana, ao menor contato provoca incontrolável coceira, lembrando o hábito dos micos de se coçarem o tempo todo, daí o nome.
Há episódios de coceiras coletivas provocadas pelo pó de mico. Um deles aconteceu no antigo cinema Art Palácio, no Rio de Janeiro. Deu-se que um engraçadinho subiu ao segundo andar da sala e de lá despejou enorme quantidade da substância sobre a plateia.
Atarantados, os espectadores passaram a coçar-se loucamente a ponto de saírem à rua em busca de algum tipo de lenitivo. Pior é que quanto mais as pessoas se coçavam, mais a coceira aumentava, a ponto de provocar feridas cutâneas pela unhas aplicadas sobre a pele.
Naquele ano foi, sucesso no Carnaval a marchinha Pó de Mico: "Vem cá seu guarda / bota pra fora esse moço / que está no salão brincando / com pó de mico no bolso / / Foi ele, foi ele sim / foi ele que jogou o pó em mim"...
Enquanto os foliões se esbaldavam ao som da marchinha, muita gente se aproveitava para não apenas coçar-se mas também se coçar com alguém...
GAFORINA
Às Vezes certos nomes caem tanto no gosto popular que acabam virando substantivo comum. É o caso da soprano italiana Elisabetta Gafforina. Seu penteado espalhafatoso mereceu de Eça de Queirós o seguinte comentário: "Sua aparência é hoffmânica. Duas longas pernas de cegonha, olhos rutilantes numa face ascética e uma gaforina descomunal, crespa, revolta, cor de estopa". O berço da palavra se localiza, portanto, nessa vasta e heterodoxa cabeleira.
SUA ALMA, SUA PALMA
Um leitor perguntou-me sobre a origem da expressão "sua alma, sua palma". Ela seria, em sua mais pura forma, "sua alma em sua palma", no sentido de que cada um deve trazer a alma na palma da mão, sem nenhuma hipocrisia, como nos ensina a conhecida frase bíblica "Anima meã in manibus méis semper", isto é. "minha alma terei sempre nas minhas mãos". Sem dúvida um adágio nobre, mas tão fora de moda nos conturbados dias em que vivemos.

 

AS 10 DÚVIDAS MAIS COMUNS


"Eu o amo" x " Eu lhe amo" - Os oblíquos a, o e lhe se referem à 3ª pessoa do discurso e funcionam como complemento do verbo. Os a e o exercem a função de objeto direto. Já o lhe é objeto indireto. A declaração de amor pede o oblíquo a ou o: "eu o amo", pois "amar" é transitivo direto. Convém usar lhe em frases como: "eu lhe disse" (disse a ele).

"Eu o avisei que faltarei" X "Eu o avisei de que faltarei" - Atenção com verbos transitivos diretos e indiretos, pois solicitam dois complementos: um preposicionado (lhe) e outro, não (o,a): "Eu o avisei de que faltarei"; "eu lhe avisei que faltarei". Ao usar o oblíquo o, o segundo complemento apresenta preposição; com lhe, não apresenta preposição.

 "Para mim fazer" X "Para eu fazer" – O pronome reto "eu" funciona como sujeito de oração, e o oblíquo "mim", como objeto. A escolha dependerá da função deles na frase:
"Este trabalho é para eu fazer?: "eu" é sujeito da forma verbal "fazer"
"É fácil para mim fazer o trabalho": o sujeito é oracional: o que é fácil? Fazer o trabalho. Cabe, então, "mim". Em ordem direta: "Fazer o trabalho é fácil para mim".

"Entre mim e ti" X "Entre eu e você" – Os oblíquos tônicos (mim, contigo, comigo, consigo, si, conosco e convosco), são usados após preposição ("de mim a você") e os retos (ele, ela) funcionam como complemento quando preposicionados ("elas lutam contra ele"). Portanto, as construções-padrão são "entre mim e ti"; "entre mim e você".

"Deixa eu falar" X Deixe-me falar" – "Deixar", "fazer" e "mandar" são, em certas construções, auxiliares indicadores de causa: "Deixar alguém falar". Como "alguém" exerce função de sujeito da forma verbal "falar" não há problema no uso do "eu". Mas "alguém" é objeto direto de "deixar". Isso inviabiliza o uso do pronome reto; muitos optam pelo oblíquo "me": "Deixe-me falar", "deixa-os falar".

"Uma sociedade onde prevaleça a transgressão X "Uma sociedade em que prevaleça a transgressão" – O pronome relativo introduz uma oração adjetiva e retoma um antecedente. "Onde" remete à ideia de lugar. "Sociedade" não expressa tal noção; "onde" não se aplicam daí usar "em que"; "na qual". Não basta trocar "onde" pelos relativos "que" e "qual", mas adotar a preposição solicitada por "prevalecer". É comum a omissão da preposição ao usar-se relativos: "Esta é a cidade em que moro".

"Eu penteei os meus cabelos X "Eu penteei os cabelos"– Em construções como "O jogador quebrou a perna" não há necessidade de pronome possessivo, pois a idéia de posse é clara. O pronome configuraria redundância. Por isso, "eu penteei os cabelos", "Pedro recuperou a memória". É possível substituir o possessivo pelo oblíquo em construções como "Aquela mulher beijou-me a boca"; "Eu roubei-lhe um beijo".

"Este é seu problema" X "Esse é seu problema" - "Este" indica algo próximo do falante ou que será mencionado: "Esta caneta que estou usando é boa"; "Este é seu problema: preguiça". "Esse" indica algo que esteja próximo com quem se fala ou aquilo que foi mencionado: "Essa caneta na sua mão é azul?"; "Preguiça: esse é o seu problema". Para falar de seres já citados, usa-se "este" para o último e "aquele" para o primeiro.



"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo (X "ele") está parado no andar" – "Mesmo" exerce a função de demonstrativo. Mas é comum o uso inadequado como pronome pessoal, talvez provocado pela contaminação de expressões como "Fiz meu trabalho depressa, já ele não fez o mesmo". Não é possível substituir "o mesmo" por "ele" nesta construção. Mas é o que se recomenda: "Antes de entrar no elevador, verifique se ele......"



"Você fez o que eu te pedi?" X "Você fez o que eu lhe pedi?" – Quando se quer garantir a uniformidade de tratamento, substitui-se o pronome oblíquo de 2ª pessoa "te" pelo oblíquo "lhe" ou substitui-se "você" por "tu": "Você fez o que lhe pedi?" ou "Tu fizeste o que te pedi?"

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TUITADAS QUE GOSTARÍAMOS DE LER


O que diriam pensadores e escritores famosos se o Twitter existisse na época deles .


. Shakespeare – Existem uns scripts podres no reino do Twitter. #mimimi #tragédia
. Homero – Canta, oh, musa, a fúria de Aquiles. Mas seja breve, por favor. #epic
. Kafka – O Twitter me faz sentir como um inseto repugnante #nojinho
. Fernando Pessoa - #followfriday @albertocaeiro @alvarodecampos @ricardoreis @bernardosoares
.Jorge Luis Borges – O Twitter é um jardim de caminhos que se bifurcam
.Melville – Chama-me de Ismael_Moby123
.Carlos Drommond de Andrade – Tinha um Twitter no meio do caminho. No meio do caminho tinha um Twitter.
. Mário de Andrade – Ai, que preguiça do Twitter
. Machado de Assis - @verme Ao primeiro que roeu minhas tripas dedico este Tweet
. Nietzsche – O Twitter está morto.#cansei
. Antoine de Saint-Exupéry – Você é responsável por aquele a quem retribuiu o follow.#mimimi
. Clarice Lispector – Não se preocupe em entender. Twittar ultrapassa qualquer entendimento
. Nabokov – follow Lolita.
(fonte:www.livrosafins.com – Revista Língua Portuguesa – Ano 4 . nº 49. Nov.2009)




QUEBRE-CABEÇA CLÍNICO

Nem toda demência é Doença de Alzheimer. Existem várias composições de sintomas diferentes

dependendo da forma de demência considerada. Quando estamos diante de um paciente idoso cuja

manifestação mais importante é a alteração de memória, torna-se obrigatório pensarmos na doença de Alzheimer,

caracte4rizada por comprometimento precoce do sistema límbico.

Quando o sintoma mais saliente é a lentidão do processamento cognitivo, devemos lembrar das demências subcorticais,

aquelas encontradas na doença de Parkinson, na doença de Huntington ou ainda na demência causada pela AIDS.

Por outro lado, quando as alterações de comportamento se destacam num cenário de preservação de outras funções cognitivas

como memória e funções visoespaciais, impõem-se o diagnóstico de demência frontotemporal.

Nos casos em que o distúrbio de linguagem aparece precocemente e constitui a síndrome mais marcante,

dominando o conjunto de sintomas, pode-se pensar nas afasias primárias ou em alguns subtipos mais

raros da demância frontotemporal ou da doença de Alzheimer. Se o destaque for a incapacidade de efetuar determinados

sob comando (apraxia) ou de reconhecer e distinguir estímulos sensoriais (agnosias), deve-se contemplar o diagnóstico

de doença de Alzheimer, bem como degeneração corticobasal, doença de Pick e outras síndromes degenerativas focais,

como apraxia progressiva dos membros, dispraxia orofacial e atrofia cortical posterior. Já quando a síndrome visoespacial

domina, ou pelo menos se destaca no cenário neuropsicológico, há que se considerar os diagnósticos de doença de Alzheimer

e atrofia cortical posterior.

Fica claro que o diagnóstico clínico será "montado", entre outras coisas, com base na síndrome neuropsicológica mais saliente

em cada caso, isto é, na padrão cognitivo que caracteriza o perfil de cada demência. É preciso levar em conta, entretanto,

que esta formulação é eficiente apenas quando examinamos ou temos acesso à história do paciente no início de sua doença,

quando o conjunto sintomático está mais puro e mais claro. À medida que o processo degenerativo cerebral avança, outras áreas serão comprometidas, de modo que muitas síndromes convivem no mesmo indivíduo. É isso o que ocorre em quase todas as demências em fase terminal, quando então todas se parecem e o diagnóstico diferencial tona-se impossível.

(Leonardo Caixeta- Revista Mente & Cérebro – nº 21- Edição Especial

quinta-feira, 12 de novembro de 2009


MARCANDO sutilmente
Usado como argumento não-essencial para evidenciar o posicionamento do enunciador,
 o adjunto adverbial é variado, flexível e tangido por exceções                                                                                               Sérgio Simka

Do ponto de vista do significado, o verbo é uma palavra que tem uma significação pertencente ao mundo físico (ler, quebrar, etc.) ou ao mundo psicológico (amar, pensar, etc.). Também possui algo mais dentro do seu significado, que é uma estrutura virtual de relação ou estrutura argumental.
Ao se lembrar de um verbo, surge em mente um conjunto de "lugares virtuais" que se sabe, por intuição, que devem ser preenchidos. À palavra "explicar", por exemplo, associam-se dois argumentos: alguém que explica (um agente, aquele que desencadeia ação); algo que é explicado (elemento que aparece como mero fruto de uma atividade). Esses dos pontos formam a rede argumental essencial de "explicar".
A essa rede, podem ser inseridos argumentos não-essenciais, tais como tempo, lugar, modo, etc. Esses argumentos não-essenciais são adjuntos adverbiais, que podem aparecer de duas maneiras: como um simples advérbio ("ela me beijou ontem"), ou como um substantivo preposicionado ("ministrei um curso na PUC"). Às vezes, um adjunto adverbial modifica um outro, como em "ela acordou bem cedo" ou "ela acordou quase às três horas".

TOQUES NÃO-ESSENCIAIS
O propósito de redigir determinado texto vem marcado linguisticamente por palavras que se usa conscientemente a fim de evidenciar o posicionamento do autor como partícipe da realidade sociocultural. Ao criticar, ironizar, opinar, etc., está imprimindo uma marca pessoal à redação.
O adjunto adverbial é uma dessas palavras que podem demonstrar tal visão de mundo, quase sempre de modo sutil. Se, por exemplo, quiser acrescentar ao enunciado "o professor explicou a questão" um argumento não-essencial que exemplifique a maneira positiva pela qual a questão foi abordada, basta inserir o termo "rapidamente" (resposta a "como?"), que é um adjunto adverbial de modo: "O professor explicou a questão rapidamente".
Toda vez que uma palavra ou expressão responder à pergunta "como?" será adjunto adverbial de modo. Por outro lado, se a nossa intenção é desvalorizar o ato praticado pelo professor, há outras ferramentas para tal: "o professor explicou a questão lentamente"; "explicou a questão com artimanhas"; "explicou a questão com meu auxílio".
Pode-se acrescentar à mesma rede argumental essencial vários argumentos não-essenciais, de forma que seu uso espelhe não só o ponto de vista, como também amplie semanticamente o enunciado: "Para mim, o professor, apesar dos seus esforços, não explicou satisfatoriamente a questão".

DUAS POLÊMICAS
Segundo a análise sintática, como se classificariam os quatro adjuntos adverbiais destacados na última oração? "Apesar dos seus esforços", por exemplo, é um adjunto adverbial de concessão; "não" é um adjunto adverbial de negação; "satisfatoriamente" é adjunto adverbial de modo. Já a primeira parte, "para mim", guarda uma polêmica. Pode pôr abaixo seus compêndios gramaticais, mas não encontrará resposta definitiva. De acordo com a gramática, não existe adjunto adverbial de opinião.
A solução mais plausível é analisar o termo como dativo de opinião, que exprime a opinião de uma pessoa.
Em "ele foi ao cinema", o termo "ao cinema", segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), é um adjunto adverbial, uma vez que desempenha função de advérbio e tem valor de advérbio, indicando uma circunstância de lugar ("foi aonde?").
No entanto, em alguns casos, um argumento que marca uma circunstância faz parte da rede argumental essencial de um verbo, como é o caso de "ir", da referida oração. Retirando-se dela o argumento que marca circunstância de lugar ("ao cinema"), a oração carecerá de sentido: "ele foi".
Por esse motivo, esse argumento circunstancial não tem função de adjunto adverbial, como apregoa a NGB. Gramáticos chamam-no de complemento circunstancial, complemento adverbial de lugar ou complemento relativo.
ADJUNTOS ADVERBIAIS
Acréscimo = Além da tristeza, sentia profundo cansaço.
Afirmação = Isso realmente aconteceu.
Argumento = Chega de brigas. Basta de incompetência.
Assunto = todas falavam sobre gramática.
Causa =Consumia-se de tédio.
Companhia = Vou sair com você
Comparação =Ela fala como um inspirado
Concessão = Apesar do temporal, chegamos bem.
Condição = Não saiam sem meu consentimento.
Conformidade = É preciso dançar conforme a música.
Direção = Apontou para o alto.
Dúvida = Talvez ele volte para mim.
Efeito = Sua atitude redundou em prejuízos.
Exclusão = Todos partiram, menos ela.
Favor, interesse = Daria a própria vida por ela.
Finalidade = Estudou para professor.
Frequência = O noivo ali apareceu duas vezes.
Instrumento = Cortou-se com a faca.
Intensidade = Comeu muito.
Limite = A estrada vai até Belém.
Lugar onde (situação)= Moro em Mauá.
Lugar aonde (direção) = Viajei para Los Angeles.
Lugar donde (origem) = Venho de Salvador.
Lugar por onde (passagem) = Voltei pela Rodovia dos Bandeirantes.
Matéria = Este prato é feito de porcelana.
Meio = Voltarei de avião.
Modo = Correu desesperadamente.
Negação = Não irei.
Oposição = Agiu contra o próprio pai.
Ordem = Classificou-se em segundo lugar.
Preço = Vendeu tudo por pouco dinheiro.
Reciprocidade = Há muita compreensão entre mim e ela.
Substituição ou troca = Deu um automóvel por um terreno.
Tempo = A gente não devia crescer nunca
(Discutindo Língua Portuguesa. Ano 2/nº8)

MOVIMENTOS DE GOLFINHOS SEGUEM LÓGICA DA LINGUAGEM HUMANA
A"lei da brevidade" de linguagem, proposta pelo fisiologista americano George K. Zipf,
segundo a qual as palavras usadas com freqüência em determinada língua tendem a ser mais curtas,
também se aplica à forma como golfinhos se movimentam na superfície de água.
A constatação vem do estudo publicado na revista Complexity por cientistas da Universidade Politécnica da Catalunha,
na Espanha, e da Universidade de Aberdeen, na Escócia.
Pesquisadores observaram que esses cetáceos tendem a realizar movimentos simples, seguindo o mesmo padrão
usado pelos humanos para encurtar palavras quando estão falando ou escrevendo.
Segundo eles, as observações mostram que essa "economia linguística" segue os mesmos princípios que governam os sistemas biológicos.
"Isso nos leva à conclusão de que as tradicionais barreiras
entre as disciplinas do comportamento humana e animal devem ser abolidas", escrevem os autores.

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