quarta-feira, 25 de novembro de 2009

QUEBRE-CABEÇA CLÍNICO

Nem toda demência é Doença de Alzheimer. Existem várias composições de sintomas diferentes

dependendo da forma de demência considerada. Quando estamos diante de um paciente idoso cuja

manifestação mais importante é a alteração de memória, torna-se obrigatório pensarmos na doença de Alzheimer,

caracte4rizada por comprometimento precoce do sistema límbico.

Quando o sintoma mais saliente é a lentidão do processamento cognitivo, devemos lembrar das demências subcorticais,

aquelas encontradas na doença de Parkinson, na doença de Huntington ou ainda na demência causada pela AIDS.

Por outro lado, quando as alterações de comportamento se destacam num cenário de preservação de outras funções cognitivas

como memória e funções visoespaciais, impõem-se o diagnóstico de demência frontotemporal.

Nos casos em que o distúrbio de linguagem aparece precocemente e constitui a síndrome mais marcante,

dominando o conjunto de sintomas, pode-se pensar nas afasias primárias ou em alguns subtipos mais

raros da demância frontotemporal ou da doença de Alzheimer. Se o destaque for a incapacidade de efetuar determinados

sob comando (apraxia) ou de reconhecer e distinguir estímulos sensoriais (agnosias), deve-se contemplar o diagnóstico

de doença de Alzheimer, bem como degeneração corticobasal, doença de Pick e outras síndromes degenerativas focais,

como apraxia progressiva dos membros, dispraxia orofacial e atrofia cortical posterior. Já quando a síndrome visoespacial

domina, ou pelo menos se destaca no cenário neuropsicológico, há que se considerar os diagnósticos de doença de Alzheimer

e atrofia cortical posterior.

Fica claro que o diagnóstico clínico será "montado", entre outras coisas, com base na síndrome neuropsicológica mais saliente

em cada caso, isto é, na padrão cognitivo que caracteriza o perfil de cada demência. É preciso levar em conta, entretanto,

que esta formulação é eficiente apenas quando examinamos ou temos acesso à história do paciente no início de sua doença,

quando o conjunto sintomático está mais puro e mais claro. À medida que o processo degenerativo cerebral avança, outras áreas serão comprometidas, de modo que muitas síndromes convivem no mesmo indivíduo. É isso o que ocorre em quase todas as demências em fase terminal, quando então todas se parecem e o diagnóstico diferencial tona-se impossível.

(Leonardo Caixeta- Revista Mente & Cérebro – nº 21- Edição Especial

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