quarta-feira, 23 de março de 2011

PONTO
1. Indica normalmente o término de uma oração:
- O ministro disse que, para sair da crise, o país precisava confiar mais nas instituições.
2. Usa-se ainda o ponto nas abreviaturas (à exceção daquelas que fazem parte do sistema mérito-decimal), mas não nas siglas:
- dr. (doutor), prof.(professor), m (metro), min (minuto), g (grama), kg (quilograma), PM (Polícia Militar), HC (Hospital das Clínicas), INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
3. Se a abreviatura vier no fim do período, coloca-se apenas um ponto (e não o ponto da abreviatura mais o final):
- Havia ali cães, galinhas, gatos, etc.
- A empresa era a Irmãos Almeida Ltda.
4. Use o ponto (sem espaço) nas inicias de nomes próprios:
- J.M. da Silva, P.C. Farias.
5. Em geral, não se usa ponto em títulos, mesmo quando contêm verbo (situação comum em jornais e revistas):
- Mais carne no mercado para os preços não subirem
- O compulsório acabou, mas a taxação continua alta

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Normalmente é empregado em interjeições (palavras ou frases que exprimem uma ordem, uma emoção, um apelo, etc.
- Que surpresa!
- Meu Deus!
- Suma daqui!

PONTO DE INTERROGAÇÃO
Utilizado habitualmente em uma pergunta, mesmo que ela possa não exigir resposta:
- Quem está aí
- O que será que eles querem?
- Quem tem medo de Virgínia Wolf?

PONTO-E-VÍRGULA
É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula. Seus princípios são:
1. Separa partes de um período em que já exista vírgula:
- Antônio formou-se engenheiro; o irmão, advogado.
- Depois, chamou o filho, que acabava de chegar; a mãe só observava.
2. Separa orações iniciadas por conjunções ou advérbios que indiquem restrição ou conclusão quando se quer ressaltar este sentido:
- Os soldados dormiam; então, os traficantes atacaram.
- Até agora, só hipóteses; mas a pesquisas avançam.
- Chegou atrasado à sala; por isso perdeu a melhor parte da conversa.
3. Separa os diferentes itens de documentos, leis, enumerações, portarias, regulamentos, decretos, etc.:
- Consideranm-se sujeitos à taxação: a) perfumes, cosméticos e produtos de troucador; b) bebidas fermemntadas ou destiladas; c) artigos eletroeletrônicos; d) joias e casacos de pele.

RETICÊNCIAS
1. Indicam uma hesitação ou a falta de conclusão de uma ideia:
- "Era fixa a minha ideia, fixa como... Não me ocorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta germânica." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.)
2. Em trabalhos acadêmicos, as reticências devem ser evitadas, para não dar caráter de indefinição ao texto. No entanto, são admitidas nos seguintes casos, muito comuns em livros, jornais e revistas:
a) Nas legendas em sequência:
- O touro enfurecido investe contra os populares.
- ...e é contido por um toureiro improvisado.
b) Entre parênteses, para indicar que uma citação foi interrompida e retomada mais adiante;
- Diz o estudo: "A população brasileira é comedida e repele os estremos. Teme os partidos de direita ou de esquerda. (...) Está sujeita, porém, à sedução dos líderes carismáticos que, ao longo dos anos, tem elegido com certa constância".

terça-feira, 22 de março de 2011

BARRA
Use a barra:
1. Em formas como:
. Km/h, homens/h, toneladas/mês, carros/dia.
2. Para separar um verso de outro, em composição recorrida:
. "Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá; / As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá."
(Gonçalves Dias, "Canção do Exílio".)
3. Na alternativa e/ou:
. Estariam ali os pais e/ou os filhos.
4. Nas datas:
. 3/6/1990; 10/11/2007.

DOIS PONTOS
São usados principalmente:
1. Nas citações, com verbo expresso ou oculto:
. Depois da reunião com o presidente, o ministro do Trabalho prometeu: "Os salários este ano ganharão da inflação."
. Almeida: "A recessão está no fim".
2. Nas enumerações:
. Vieram três dos seus filhos: João, José e Maria.
. O deputado fez duas ameaçãs: denunciar o acordo e romper com o governo.
3. Nas exemplificações, informações subsidiárias, esclarecimentos, sínteses ou consequências do que foi enunciado:
. Previsão de Guido Mantega: crescimento do PIB será de 5% este ano.
. Já se sabe: faltará cerveja.
. O governo reage: Código Penal para os agressores.
. Instituto faz as vontas e avisa: a inflação vai subir.
. Justificou-se: o que pretendia era chamar a atenção para o problema.
. Depois de dez anos, mulher não desiste: acha que marido está vivo.
4. Nos vocativos que encabeçam cartas, requerimentos e ofícios:
. Prezado senhor:
. Magnífico reitor:
. Ilustríssimo sr.:
. Excelentíssimo sr.:
(Resumão - Eduardo Martins)

quarta-feira, 16 de março de 2011

TRAVESSÃO
1. É usado para intercalar uma expressão explicativa ou complementar no período, equivalendo, conforme o caso, a vírgulas ou parênteses:
. O uso de atores conhecidos - geralmeente homens maduros - é outra distorção.
. Também para o contribuinte individual - autônomo, empregador e desempregado - é cada vez mais difícil recolher a taxa.
. O governador de Goiás - o Estado mais afetado pela medida - recusou-se a falar à imprensa.
2. Substitui os dois pontos:
. Eram assim seus dias - muito trabalho, pouco descanso.
. Eis o autor das denúncias - o próprio ministro.
3. Introduz uma pausa mais forte no período ou destaca a parte final de um enunciado:
. Uma noite com Chico - e Caetano.
. Estava estudando a vida de Átila - ele mesmo, o rei dos humos.
. O cineasta atacou a plateia de "intelectuais adultos" - suposta nata da crítica mundial.
4. Separa as datas de nascimento e morte de uma pessoa:
. São Paulo, 1905 - Rio de Janeiro, 1960.
5. É o sinal usado por jornais e revistas depois do nome da cidade de procedência de uma notícia:
. Brasília - O Supremo Tribunal Federal julgou ontem...
6. Se o segundo travessão coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais: 
. Depois de ter quitado 24 prestações, de um total de 50 - a última foi de R$589,20 -, o mutuário tentou transferir...
. Essa mensagem do jornal, publicado na edição de novembro - especial, com 20 páginas -, já indicava a disposição...
7. Jamais coloque mais de dois travessões no mesmo período, como no caso seguinte, para não confundir o leitor:
. "Essa prática - que privilegia o filho mais velho - é muito antiga e a Bíblia dá um exemplo - o de Esaú e Jacó - em que o primeiro vendeu o direito de primogenitura - e por um prato de lentilhas."
8. Indica os diálogos, como no exemplo abaixo:
. O porta-voz Sérgio Amaral ostentava uma gravata estampada de zebrinhas ao embarcar para a China na comitiva presidencial.
-O senhor está levando a zebra embora, embaixador? - brincou um repórter.
O assessor não perdeu a oportunidade de fazer ironia:
- Não, esta é só enfeite. A zebra estou deixando aqui.
9. Não se usa o travessão, e sim a vírgula, para isolar os verbos de uma declaração:
. "Todos nós", prosseguiu, "temos consciência dos problemas do país". E não "Todos nós" - prosseguiu - "temos consciência dos problemas do país."
Outros exemplos:
. Com essa medida, garantiu o presidente, seria possível apressar a votação. E não: "Com essa medida - garantiu o presidente - seria possível apressar a votação."
(Resumão. Eduardo Martins)


OUTROS SINAIS
ASPAS
1. Servem principalmente para indicar a reprodução literal de um período, oração, trecho de frase, palavra, lema ou slogan:
. Foi Euclides da Cunha quem escreveu: "O sertanejo é antes de tudo um forte".
. Segundo o ministro, "o aumento das exportações é a única saída para a economia brasileira no momento".
. O presidente afirmou que a gravidade da crise política "não permite hesitações".
. O professor considerou "impiedosa" a nova sistemática do Imposto de Renda.
. O tema da redação do vestibular foi: "O homem e a máquina".
. "Ordem e pogresso" é o dístico da bandeira.
2. As aspas podem ser empregadas também para ressaltar o valor de uma palavra ou expressão ou para indicar seu uso fora do contexto havitual.
. Circunlóquio significa "rodeio de palavras".
. Para ele, existe sempre um "mas" em tudo.
. Paris é considerada a "Cidade Luz".
. O exército rechaçou nova ofensiva dos "ultras".
3. Na transição de documentos, discursos, íntegras, etc., abra aspas apenas no começo e no fim do texto, e não a cada início de parágrfo. Se você  acrescentar algum título auxiliar ao texto, feche aspas antes dele e as abra novamente depois.
4. Se a frase inteira estiver entre aspas, o sinal de pontuação (ponto final, de interrogação, de exclamaçãe, etc.) será englobado por elas; caso contrário, ficará depois das segundas aspas:
. Disse o artista plástico: "Alguém discorda dessa filosofia de vida?".
Nesse caso, o ponto final encerra o período.
. O artista plástico disse que vivia "para pintar" e pintava "para viver".
. Segundo o professor, "a força criativa da economia já se transferiu para o setor informal".
. Quem se lembra ainda do "nada a declarar"?
. Todos garantiram: "Iremos até o fim".
5. Abra e feche aspas cada vez que truncar uma declaração por observações introduzidas no texto:
. "A nação", prosseguiu o deputado, "espera que o governo finalmente revele agora os nomes dos corruptos."
6. Abra a aspa simples (') para marcar a frase, expressão ou palavra de um texto que já esteja entre aspas:
. Diz a nota oficial: "O governo rejeita a classificação de 'omisso e insensível aos anseios populares' que consta do manifesto da oposição".
. O documento diz:"A euforia do 'já ganhou' pode prejudicar o candidato".
. "É preciso", advertiu o deputado, "evitar que das galerias partam novos gritos de 'canalhasd' ou 'vendidos' contra nós.
7. Nos diálogos, não utilize aspas, e sim travessões.
(Resumão. Eduardo Martins)
VÍRGULA e outros sinais de pontuação
VÍRGULA - serve para separar palavras, símbolos e orações de função idêntica:
- O Executivo, o Legislativo e o Judiciário são os três poderes da República.
- O ministro visitou Paris, Londres e Tóquio.
- Queria os filhos educados, respeitadores e estudiosos.
- É um homem que trabalha, viaja e se diverte.
- Amigos, parentes, vizinhos, de todos se afastou.
- 1, 3, 5 e 7 são números ímpares.
NUNCA SE SEPARA POR VÍRGULA
1. O sujeito do verbo:
- "O presidente, atacou a oposição."
- "Os homens de bem, nada terão que temer."
2. O verbo do complemento:
-Os sindicatos apresentaram uma lista de 15 reivindicações e não "Os sindicatos apresentaram, uma lista de 15 reivindicações."
- Os governos devem lutar pelo bem-estar do povo e não "Os governos devem lutar, pelo bem-estar do povo."
OUTROS USOS DA VÍRGULA
1. Para separar o vocativo:
- Vejam, amigos, o resultado do nosso trabalho.
- Diga logo, João, o que você pretende.
- Reage, São Paulo.
- Xô, Satanás.
- Respira, São Paulo.
- Responde, cidadão.
- Alô, goleiro.
- Atenção, políticos.
2. Para isolar o aposto:
- Machado de Assis, autor de Dom Casmurro, tem um estilo sóbrio e elegante.
ou: Autor de Dom Casmurro, Machado de Assis tem um estilo sóbrio e elegante.
- O mais rápido dos quatro, José chegou cinco minutos na frente.
ou José, o mais rápido dos quatro, chegou cinco minutos na frente.
3. Para indicar a omissão do verbo ou de um grupo de palavras:
- João trará as bebidas, Chico, os salgados e Maria, os doces.
- No céu azul, dois fiapos de nuvens.
- Estes, os livros que pedi.
- Elas, as mulheres das quais falei.
- O pai tem preferência pelos livros e os filhos, pelo esporte.
4. Para separar palavras e locuções explicativas, retificativas e continuativas (como por exemplo, ou então, isto é, ou seja, além disso, por assim dizer, aliás, a propósito, então, com efeito, vale dizer, ao contrário, a saber, data vênia, por outra, a meu ver, etc.):
- Os dois, isto é, pai e filho...
- Queria todos os bens, ou seja, carro, casa, terras e dinheiro.
- Veja, por exemplo, este caso.
- Diga, então, o que quer.
- Esse é, por assim dizer, o eleito dos céus.
- Acrescente-se, além disso, outro detalhe.
- A compra de material, a meu ver, é indispensável.
5. Para separar, nas datas, o nome do lugar:
- São Paulo, 16 de março de 2009.
6. Para separar o nome, a rua e o número nos endereços:
- Fulano de Tal, Avenida Rebouças, 5.423, ap. 36, São Paulo, SP.
No casa de caixa postal, porém, não há vírgula:
- Fulano de Tal, Caixa Postal 43.
7.À exceção de e, ou e nem, antes de todas as conjunções coordenativas, como mas, porém, todavia, contudo, não obstante, no entanto, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, logo, pois, portanto, assim, por conseguinte, por isso, de modo que, então, porque, que (= pois), porquanto, etc.
- O governo aceitou o pedido, mas sob algumas condições.
- Chegou atrasado, entretanto ainda conseguiu assistir ao espetáculo.
- Garantiu que faria o que pudesse, no entanto não cumpriu o prometido.
- Ele irá, quer queira, quer não queira.
- Ou sai logo, ou perde o trem.
- Ora se exalta, ora se conmporta com moderação.
- É muito inteligente, logo fará o trabalho sem dificuldade.
- Esquivou-se com habilidade, de modo que o golpe não o atingiu.
- Saia depressa, porque o trem está partindo.
- Ande logo, que (= pois) ela está para chegar.
- Conseguiu o emprego que queira, pois era o melhor dos candidatos.
a) Use a vírgula antes e depois dessas conjunções, sempre que elas estiverem intercaladas no período:
- O ferido pediu socorro; nenhum motorista, no entanto, parou para ajudá-lo (porém, todavia, contudo, entretanto).
- Chegou muito cansado;não quis, pois, ir ao teatro (portanto, por conseguinte).
- Estava sem camisa; sentia, por isso, muito frio.
b)Quando iniciarem frase, porém, contudo, todavia, no entanto e entretanto poderão ou não se seguidas de vírgula:
- Os livros custam caro; todavia, vou comprar alguns deles.
- Os livros custam caro; todavia vou comprar alguns deles.
c) Como mas sempre inicia frase, não use nesse caso a vírgula:
- Diga o que quiser: Mas seja rápido. ( e não: "Mas, seja rápido").
d) Também não são seguidas de vírugla, quando iniciam frase, as conjunções ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora. pois, de modo que, que (= pois), porque e porquanto.
8. E, ou e nem:
Não use vírgula antes de e, ou e nem, a não ser nos casos seguintes:
a) Quando o e liga orações de sujeitos diferentes, e se pode subentender uma pausa na leitura, admite-se a vírgula:
- O filho foi reprovado outra vez, e os pais resolveram tirá-lo daquela escola.
Em textos jornalísticos, porém, raramente haverá vírgula:
- O governo admitiu o erro e os empresários protestaram.
- Gil lança novo disco e Caetano conclui seu filme.
b) Usa-se a vírgula se o e e o nem estiverem repetidos na frase, por ênfase ou enumeração:
- "Ele fez o céu, e a terra, e o mar; e tudo quanto há neles."
- Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe, nem o filho.
c) O e, ou e nem podem ser precedidos de vírugla caso se queira dar ênfase a uma afirmação ou introduzir uma pausa na frase:
- É melhor sairmos logo, ou não?
- Afinal o chefe é ele, ou são vocês?
- Não mudo de opinião, nem que me matem.
- O governo tentou, e a providência já vinha tarde, conter os seus gastos.
9. Para separar os elementos paralelos dos provérbios:
- Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
- Tal pai, tal filho.
- Longe dos olhos, longe do coração.
10. Advérbios e adjuntos adverbiais podem ou não ser separados por vírgula, especialmente quando curtos ou constituídos de uma única palavra:
- Aqui se trabalha.
- Aqui, trabalha-se.
Quando mais longos, convém usar a vírgula, por questão de pausa  ou clareza.
- Nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, a cidade seguia sua vida, sem novidades.
- A vegetação voltava a crescer, depois de muitos anos de seca.
- O escritor terminou, antes do tempo previsto, o romance tão esperado.
11. Para separar os objetos pleonásticos:
- As palavras, leva-as o vento.
- Bons jogadores, já não existem tantos como antigamente.
Se não se deseja dar ênfase ao objeto ou se ele é um pronome oblíquo, omite-se a vírgula:
- O caráter molda-o a vida.
- a mim me parece irrelevante essa opinião.
12. Para separar palavras repetidas:
- Tudo, tudo, tudo pôs a perder.
- Amigos, amigos, negócios à parte.
13. Para separar adjetivos que exercem função predicativa:
- Atento e cuidadoso, dava sempre o melhor de si.
- Nunca pensei que ele, limitado e pouco brilhante, obtivesse tamanho sucesso.
14.Para separar orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo:
- Encerrando o ciclo de palestras, o engenheiro falou sobre as agressões do homem ao meio ambiente.
- Os soldados puseram-se em fila, atendendo ao toque de reunir.
- Chegado o momento, você será avisado.
- O barco desapareceu sem deixar vestígios, tragado pelo forte redemoinho.
- Para fazer valer sua opinião, usava os métodos que pudesse.
- Ainda fomos ao teatro, apesar de estarmos esgotados.
15. Para separar orações subordinadas adverbiais, especialmente quando colacadas antes da oração principal ou mesmo depois:
- Quando terminou a sessão, os deputados deixaram apressadamente a Câmara.
- O prazo está encerrado, como você pensava.
- Se tudo corresse bem, eles chegariam antes do anoitecer.
- Traga-nos a reportagem ainda hoje, se for possível.
- Embora houvesse muita gente no estádio, nada de grave acorreu.
- Não me impedirão de vir aqui hoje, ainda que o tentem.
- À medida que o governo perdia força, a oposição aumentava sua influência.
- Para que a admininstração pública funcione melhor, é preciso mudar mentalidades.
- Enquanto a formiga trabalhava, a cigarra cantava.
- Porque ninguém lhe dava atenção, a criança começou a chorar.
16. Para separar orações ou locuções intercaladas que interrompam a fluência da oração principal:
- Disse, como era seu hábito, os piores desaforos possíveis.
- Não explicou, até porque nada lhe perguntaram, a razão daquela estranha atitude.
- "Vejo aqui", prosseguiu o deputado, "pessoas que não pertencem à Câmara."
- Os soldados, que não conheciam o local, avançaram com medo.
- Antes de mais nada, pensamos nós, era indispensável sair dali.
- Mais empenho, e não desculpas, era o que se pedia.
- O casal, com o dinheiro recebido, conseguiu mobiliar a casa.
- O criminoso, já condenado à morte, recusava-se a admitir sua culpa.
- E, quando lhe pediram a opinião, disse que o assunto não era com ele.
- Porque, para tudo sair de acordo, faltava a adesão deles.
- Pois, por injusto que possa parecer, não adianta ir contra a natureza.
O que não se pode usar é apenas a segunda vírgula nas intercalações, como nestes exemplos:
- "O jogador disse que quando foi atingido por trás, perdeu o controle."
A vírgula antes de quando é indispensável.
- "Mas até agora, a única ameaça concreta é..."
Existe vírgula antes de até.
- "E a propósito, desistiu de vez de disputar a prefeitura."
A propósito deveria estar entre vírgulas.
Observação - não há vírgula se a oração restringe o sentido do sujeito (isto é, não funciona como oração intercalada):
- O pai que gosta dos filhos faz tudo por eles.
- O mais velho dos depoutados que estavam presentes abriu a sessão da Câmara.
17. Com sim e não:
- Sim, senhor; é o que todos esperavam.
- Não, amigos, ninguém o demove dessa decisão.
- É o que quero, sim.
- Não, nunca pedi isso.
18. Não existe vírgula antes de orações (substantivas) deste tipo:
- Pedimos que ele viesse.
- Esperamos que ele saia.
- Não sabia se todos o conheciam.
- Não pensava que tudo ia se acabar daquela maneira.
19. No caso de inversão violenta dos complementos da frase, a vírgula pode dar-lhe maior clareza:
- Do país, a maior riqueza eram os poços de petróleo.
Ordem direta: A maior riqueza do país eram os poços de petróleo.
- A opinião era unânime, dos homens e mulheres.
Ordem direta: A opinião dos homens e mulheres era unânime.
20. Jornalisticamente, é o sinal que se adota, em vez do travessão, para isolar os verbos intercalados nas declarações ou opiniões:
- Com aquela providência, garantiu o prefeito, a cidade resolveria definitivamente o problema das enchentes.
- Esses recursos, opinou, deveriam ser utilizados na compra de novas vacinas.
COM NOMES DE PESSOAS
Procure distinguir os casos em que o aposto vai entre vírgulas ou não:
1. Usa-se entre vírgulas o nome do detentor de um cargo ou a qualificação de uma pessoa quando só uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação:
- O jogador foi recebido no Rio pela mulher, Maria Angélica.
(Se a frase, sem vírgula, fosse "O jogador foi recebido no Rio pela mulher Maria Angélica", isso indicaria que o jogador tem mais de uma mulher.)
- O senador foi à festa com a nomorada Eliseth", a falta de vírgula indicaria que ele tem mais de uma namorada.)
Veja outros exemplos:
- O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, garantiu...(Só há um presidente da República.)
- O governador de São Paulo, José Serra, requereu ontem...(Só há um governador de São Paulo.)
2. Não existe vírugla quando mais de uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação:
- O promotor de Justiça João de Almeida enviou ontem...(Há mais de um promotor de Justiça.)
- O ex-presidente da República Fernando Collor declarou...(Há mnais de uma ex-presidente da República vivo.)
- O deputado federal pelo Rio de Janeiro Fernando Gabeiro pediu...(Há mais de um deputado federal pelo Rio de Janeiro.)
- Antônio chegou à festa com o filho Marcos. (Essa forma indica que Antônio tem mais de um filho.)
Se ele tivesse só um filho, o certo seria: Antônio chegou à festa com o filho, Marcos.
3. Um erro comum é acreditar que o último ex tem seu nome entre vírgulas. Isso não acontece e deve-se proceder da forma já explicada:
- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (aplica-se a regra de que ele é um ex-presidente entre vários) não foi convidado para a solenidade.
- O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckim(também é um ex-governador entre vários) realizou palestras na semana passada.
- O ex-técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira (é um ex-técnico da seleção da seleção  entre vários) admitiu os desentendimentos com...
VÍRGULA E NÃO PONTO
Números decimais no Brasil são expressos por vírgula ( e não ponto, como nos Estados Unidos). Assim:
- A inflação deste mês deverá ser de 0,75% ( e não "o.75%").
- Os carros subiram 8,9% (e não "8.9%).
- A intensidade de terremoto foi de 6,4% graus ( e não "6.4 graus") na escala Ritcher.
Da mesma forma:
- 2,1 bilhões, 36,7ºF ( e não "2.1 vilhões", "36.7ºF").
OBSERVAÇÕES FINAIS:
1. A vírgula indica pausa ou ênfase. Por isso, nos casos em que ela for facultativa, use o bom senso ou siga o ritmo da frase(nunca, porém, separando o sujeito do verbo ou verbo do complemento).
2. Evite a virgulação excessiva, principalmente quando uma série de adjuntos adverbiais se sucede na frase:
- "O presidente disse, ontem, em Brasília, às 15 horas, depois da reunião do Ministério, que..."
Se for importante colocar o horário logo na primeira frase, ela pode ganhar ritmo  ou uma pequena inversão:
- O presidente disse, às 15 horas de ontem, em Brasília, depois da reunião do Ministério, que...
De qualquer forma, intercalações exageradas sempre prejudicam a fluência da frase, estejam ou não marcadas por vírgulas.
- O presidente disse ontem que as mudanças econômicas...
Depois, poderão ser colocados todos os demais detalhes.
3. Se houver parênteses ou travessões na frase, a vírgula virá depois do segundo deles:
- Apelou para os mais influentes amigos (ministros e deputados, entre eles), quando lhe quiseram tomar as terras.
- Os países endividavam-se sem cessar - porque isso era fácil na década de 70 - ainda que não soubessem como viriam a pagar seus compromissos.
4. Numa enumeração pode haver vírgula antes do verbo:
- Artigos, comentários, críticas, eram matéiras que não lhe interessavam.
(Resumão- Eduardo Martins)

segunda-feira, 14 de março de 2011

A EPILEPSIA DE CHOPIN



Um estudo espanhol publicado no periódico Medical Humanities sugere que o compositor erudito  Frédéric Chopin (1810-1849) tinha epilepsia do lobo temporal. Essa doença explica as alucinações visuais que o músico teve durante a vida.
(Planeta. Ano 39. Edição 462. mar/2011)

quarta-feira, 2 de março de 2011

ENXAQUECA NÃO É FRESCURA
Durante as crises, cada batida do coração, que normalmente não seria sentida, dói como uma martelada

Talvez seja o seu caso, e provavelmente é o de alguém que você conhece: 10% da população experimenta um tipo específico de dor de cabeça que deixa as outras no chinelo. É estupidamente forte (considerada bem pior do que as dores do parto por boa parte das mães acometidas, como eu), em geral de um lado só da cabeça, como se ela estivesse sendo martelada ritmicamente por dentro, acompanhada de enjoo e fotofobia, e realmente debilitante: nessas horas, o melhor lugar do mundo é um quarto escuro e silencioso. Para agravar a situação, os "enxaquecosos" ainda têm de lidar com a incompreensão dos donos de cérebros normais, que acham que dor de cabeça excruciante é frescura.
Existem remédios, mas uma grande ajuda vem de reconhecer os estímulos específicos que disparam as crises. Embora períodos de estresse intenso aumentem o risco, cada pessoa com tendência à enxaqueca tem seus próprios gatilhos: para alguns são odores, como perfumes; para outras, certos alimentos, exercício físico intenso, ou alterações hormonais do ciclo menstrual; para várias, luzes fortes. No meu caso, monitores de computador ou televisão com o contraste elevado ou mesmo roupas escuras listradas de branco são tão perturbadores que causam enjoo. Ler ao sol? Jamais. Tenho óculos escuros espalhados em casa, no trabalho e nos dois carros da família, para ter certeza de que sempre haverá um à mão.
Embora a enxaqueca seja resultado de um distúrbio no cérebro, provavelmente de fundo genético, a dor em si não vem do cérebro, mas das meninges que o envolvem, em geral inflamadas durante a crise. Nessas horas, os neurônios que recebem sinais das meninges parecem ficar tão sensíveis que interpretam como dor até as pulsações normais das artérias do cérebro que encostam nelas.  Resultado: cada batida do coração, que normalmente não seria sentida, dói como uma martelada. E mais: esses mesmos neurônios que captam os sinais das meninges também recebem informações dos olhos sobre a luz ambiente, vindas de células ganglionares da retina que são sensíveis não a estímulos visuais específicos, mas à intensidade da luminosidade difusa. Devido à convergência de sinais, quanto mais forte a luz, mais forte o cérebro interpreta ser a dor que vem das meninges - donde a fotofobia exarcebada durante a crise de enxaqueca, quando até a luz ambiente dói, fato quase incompreensível para quem não sofre esse tipo de desconforto.
Neurologistas e neurocientistas trabalham lado a lado para entender a fonte da dor, da predisposição às crises, da sensibilidade aos gatilhos. Já se sabe, por exemplo, que a aura que em alguns casos prenuncia a crise cerca de meia hora antes de a dor se instalar resulta de uma onda de aitivdade elétrica alterada que se espalha lentamente pelo córtex cerebral, fazendo com que pontos cintilantes tomem conta da parte do que se vê, mesmo de olhos fechados. A aura pode ser uma grande aliada, pois garante à pessoa tempo de tomar medicação que evite a dor. Por que a aura prenuncia a dor, contudo, ainda não se sabe. Outro mistério em aberto é que - como alguns enxaquecosos descobrem por acaso durante suas crises de enjoo - vomitar pode dar alívio imediato.
Se você sofre de enxaqueca, ou acha que esse é o seu caso, consulte um neurologista para descobrir a melhor maneira de evitar mais crises. E se você é uma das felizes pessoas que não sabem o que é uma enxaqueca...bom, reconhecer que enxaqueca não é fresucra já ajuda muito!
(Suzana Herculano-Houzel . Mente e Cérebro. Ano XVIII.nº 218)
SOBRE A MORTE E O MORRER
Os que ficam têm de se haver com a culpa de sobreviver e com o lento processo de deixar partir quem já se despediu de nós

Diante da morte, esta mestra absoluta, é preciso ter algo a dizer. O cavaleiro medieval que joga xadrez com a morte em O sétimo selo (Ingmar Bergman, 1956) não quer dizer nada para a morte, mas dizer algo no tempo que resta. O morrer é uma coisa, a morte é outra. Morrer é saber que a morte existe e ainda assim viver. Muita gente faz essa definição prática ao afirmar: não tenho medo da morte, tenho medo de sofrer, tenho receio de deixar "as coisas em aberto", ou seja, tenho medo do processo de morrer. É isso que Lacan chamou de segunda morte, por contraste com a primeira, que seria o fim da vida.
Em Sobre a morte e o morrer (Martins Fontes) Elisabeth Kübler-Ross descreve cinco fases regulares do morrer: 1) negação ou isolamento; 2) cólera ou raiva; 3) negociação ou barganha; 4) depressão ou tristeza e, finalmente, a 5) aceitação. Esta sequência é confirmada para perdas em geral. Vale para dissolução amorosa, destruição familiar, bancarrota financeira, desatre ecológico, degradação moral, perda de partes e formas de nosso corpo. Inclui até mesmo a substituição da imagem que temos de nós mesmos ao longo da vida, para a qual cada vez temos de fazer o luto. As cinco fases foram descritas com base no acompanhamento de pacientes terminais, e um dos motivos para controvérsia em torno da quinta etapa é que até então o processo parece ocorrer de forma simétrica tanto para aquele que se vai quanto para os que ficam. Na última fase ocorre uma dissimetria. Os que ficam têm de se haver com a culpa de sobreviver  e com o lento processo de deixar partir quem já se despediu de nós. O processo terminará com a incorpporação simbólica daquele que se foi e que passará a fazer parte de nós, não apenas em nossa lembrança ou saudade, mas de forma integrada, ali onde nem mesmo sabemos que está. Será a parte essencialmente esquecida, e talvez a mais importante.
No filme Biutiful (2010), dirigido por Alejandro Iñárritu, encontramos um homem, a quem restam dois meses de vida, nos quais tem de "colocar as coisas em ordem". E não se trata de cuidar de assuntos práticos, como se a vida fosse se resolver ao modo de uma equação com suas variáveis. Essa dimensão, aliás, é "magicamente resolvida" quando ele se didica a dar os poucos passos que faltam em sua relação com a própria vida. No filme Além da vida (2010), de Clint Eastwood, também em cartaz, encontramos a experiência de quase morte, uma referência "à vida como ela vem sendo". Quase morte por um tsunami, quase morte que reage a pergunta do irmão gêmeo sobrevivente, quase morte daquele que vive nas imediações dos que se foram. É esta quase morte que aparece também no filme A janela (2008) de Carlos Sorin, no qual um ancião aguarda a chegada do filho. Preso à cama, refaz um sonho inconcluído de infância. São filmes sobre a estrutura irônica da vida, ou seja, sobre como pode haver tanto sentido na falta de sentido. A fase zero do morrer, fazendo um acréscimo a Klüber-Ross. Se a vida é uma história, os últimos capítulos decidem tudo. Sempre achei que a síntese máxima dessa ideia está nas últimas palavras de Sócrates, o inventor da ironia filosófica: "Não podemos esquecer que devemos um galo a Asclépio". Moral da história: depois de beber cicuta e saber que os remédios nada adiantariam, ainda assim, era momento de agradecer ao deus da medicina e à vida como viagem realizada.
(Christian Ingo Lenz Dunker . Mente e Cérebro. Ano XVIII. nº 218)

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