PÓ DE MICO
A origem da expressão que já foi nome de marchinha de carnaval
Márcio Cotrim
É o esponjilito, tipo especial de pozolana, uma substância existente nas rochas vulcânicas encontradas na região de Pozzuoli, perto no monte Vesúvio, no sul da Itália.
E daí, onde é que entra o pó de mico nisso? Voltemos ao esponjilito. Fragmento da pozolana, ao menor contato provoca incontrolável coceira, lembrando o hábito dos micos de se coçarem o tempo todo, daí o nome.
Há episódios de coceiras coletivas provocadas pelo pó de mico. Um deles aconteceu no antigo cinema Art Palácio, no Rio de Janeiro. Deu-se que um engraçadinho subiu ao segundo andar da sala e de lá despejou enorme quantidade da substância sobre a plateia.
Atarantados, os espectadores passaram a coçar-se loucamente a ponto de saírem à rua em busca de algum tipo de lenitivo. Pior é que quanto mais as pessoas se coçavam, mais a coceira aumentava, a ponto de provocar feridas cutâneas pela unhas aplicadas sobre a pele.
Naquele ano foi, sucesso no Carnaval a marchinha Pó de Mico: "Vem cá seu guarda / bota pra fora esse moço / que está no salão brincando / com pó de mico no bolso / / Foi ele, foi ele sim / foi ele que jogou o pó em mim"...
Enquanto os foliões se esbaldavam ao som da marchinha, muita gente se aproveitava para não apenas coçar-se mas também se coçar com alguém...
GAFORINA
Às Vezes certos nomes caem tanto no gosto popular que acabam virando substantivo comum. É o caso da soprano italiana Elisabetta Gafforina. Seu penteado espalhafatoso mereceu de Eça de Queirós o seguinte comentário: "Sua aparência é hoffmânica. Duas longas pernas de cegonha, olhos rutilantes numa face ascética e uma gaforina descomunal, crespa, revolta, cor de estopa". O berço da palavra se localiza, portanto, nessa vasta e heterodoxa cabeleira.
SUA ALMA, SUA PALMA
Um leitor perguntou-me sobre a origem da expressão "sua alma, sua palma". Ela seria, em sua mais pura forma, "sua alma em sua palma", no sentido de que cada um deve trazer a alma na palma da mão, sem nenhuma hipocrisia, como nos ensina a conhecida frase bíblica "Anima meã in manibus méis semper", isto é. "minha alma terei sempre nas minhas mãos". Sem dúvida um adágio nobre, mas tão fora de moda nos conturbados dias em que vivemos.
Melhor explicação: foi clara e direta! MUITO OBRIGADA!!!
ResponderExcluir