domingo, 18 de dezembro de 2011

Em pensamento também vale...
Não está com vontade de praticar esporte? Não faz mal: simplesmente imagine! apenas isso já pode aumentar a força muscular. Pelo menos é o que garantem pesquisadores da Clínica Cleveland, em Ohio, nos Estados Unidos. O médico Vinoth Ranganthan e seus colegas pediram a 30 adultos saudáveis que mentalizassem da forma mais intensa e detalhada possível o curvar do dedo mínino de uma das mãos. Após treinamento de 15 minutos diários, 5 dias por semana, durante 12 semanas, a força muscular do dedo "mentalizado" dos atletas mentais aumentou aproximadamente 35%. Tomografias demonstraram que áreas do cérebro frontal que preparam os movimentos se tornaram mais ativas. Aparentemente, o aumento da força deveu-se a uma "linha direta" entre o cérebro e os músculos.
(Steve Ayan, jornalista científico)



sábado, 1 de outubro de 2011

CORAÇÕES APAIXONADOS
Nelson Motta
Com toda a sua densidade musical e poética já reconhecida pela crítica especializada, o que mais me impressiona e emociona no novo disco de Chico Buarque não são as melodias e harmonias elaboradas e nem o virtuosismo e audácia das rimas, mas as canções de amor, as confissões de um poeta apaixonado. Como um Vinícius moderno, em seus melhores momentos, seu discípulo dileto coloca o coração nos versos e revela o seu encantamento, suas esperanças e temores com um  novo amor, logo ele, sempre tão discreto com sua vida pessoal e seus sentimentos.
O poeta sessentão presenteia sua jovem musa - e o público - com músicas e letras que estão entre as suas melhores e afirmam o seu crescimento musical e a sua vitalidade criativa. Sem declarações de amor sentimentais, sem populismo afetivo nem romantismo popular, tudo em forma rigorosa, com palavras, ritmos e sons se harmonizando numa síntese entre razão e emoção difícil de ser encontrada no mercado inesgotável das canções de amor.
"Meu tempo é curto, o tempo dela sobra/ Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora/ Temo que não dure muito a nossa novela, mas/ Eu sou tão feliz com ela/ Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas/ Não canso de contemplá-la."
No blues Essa pequena, entre as delícias do amor e a fugacidade do tempo, entre a urgência e a paciência, Chico enternece sem perder o humor, ritmando "ela pinta a boca e sai" com "take your time" e concluíndo: "Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas/ O blues já valeu a pena."
Na linda Tipo um baião as mudanças bruscas de ritmo e de melodia inspiram os versos que criam imagens vivas dos seus sentimentos: "É São João/ Vejo tremeluzir/ Seu vestido através da fogueira/ É Carnaval/ E o seu vulto a sumir/ Entre mil abadás na ladeira".
Como um filme musical, Se eu soubesse é a história do encontro improvável e feliz entre o peso da maturidade e a leveza da juventude, que se hormonizam no dueto amoroso de Chico e Tahís Gulin: "Mas acontece que eu sorri par ti/ E aí, larari, lairiri, lariri..."
Corações apaixonados de todas as idades devem comprar imediatamente.
(O Estado de São Paulo. 30 de set.de 2011)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

As qualidades certas para se tornar um líder
Especialistas dão dicas para o gestor se destacar na empresa, se tornar agregador, ser bem-sucedido no que faz e, claro, crescer na carreira

Com o mercado brasileiro cada vez mais inserido na economia globalizada, o gestor que pretende subir na carreira precisa ter suas  competências e qualidades em sintonia com as exigências cada vez mais sofisticadas do mundo corporativo.
Para ajudar na ascensão, o Estado ouviu as dicas de oito especialistas. "Para começar, eu faço uma diferenciação entre gestor e líder", diz a consultora associada da Muture, Roberta Yono Ebina, "Gestor é um cargo e liderança, uma habilidade, uma competência", explica. "Hoje, há muitos gestores e poucos líderes. O gestor controla seus colaboradores, impõe sua vontade e foca nos resultados. O líder estimula e desafia os colaboradores. Ele conhece cada um e o jeito de tirar o melhor deles. Seu foco é nas pessoas."
As considerações da especialista levantam a velha questão: é possível aprender a ser chefe? "Acredito que todos têm capacidade para liderar. Muitos têm características mais desenvolvidas dentro de si e outros demoram um tempo para aprender. No entanto, ele só vai mostrar do que é capaz no dia a dia", afirma o presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC), Sulivan França.
O diretor de pesquisas da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Eugenio Mussak, concorda. "A liderança é uma competência para a qual alguns demonstram mais talento. Geralmente, quem se dá melhor são aqueles que escolheram assumir a responsabilidade."
Liderando- As empresas têm duas formas para escolher seus gestores, promovendo empregados competentes ou contratando pessoas já prontas.
"É um risco promover quem nunca liderou, mas tudo depende de empresa e do setor de atuação. A área de serviços é mais dinâmica, por isso necessita ser mais ágil e contratar gente pronta", diz o diretor de Operações da Human Brasil, Fernando Montero da Cosa. E pondera: "A indústria é mais lenta e tem cultura de especialistas. Nela, damos treinamento para transformar técnicos em líderes."
Prestigiar um talento interno é sempre bom, mas pode acabar se tornando um erro em alguns casos. "A empresa pode estar trocando um bom técnico por um gestor ruim. Quem vai assumir o cargo precisa fazer análise própria e dizer se realmente está pronto para exercer um cargo de comando", diz a sócia da Search Consultoria em Recursos Humanos, Ilana Lissker.
De qualquer forma, vindo de dentro ou de fora, é preciso ter foco para manter a carreira em ascensão. "O gestor precisa ter uma série de habilidades para satisfazer a empresa e os funcionários ao mesmo tempo. A maior delas é saber ouvir e se comunicar bem. Outra coisa importante é não querer subir muito rápido, estudar e se preparar bem para o posto. Quanto mais se sobe mais competências são exigidas", conta a diretora do Grupo Soma Desenvolvimento Corporativo, Sonia Carminhato. "Apesar disso, o gestor mais procurado pelas empresas continua sendo o super-homem que saiba tudo", afirma a gerente de negócios da consultoria de RH Across, Daniele Mendonça.
"Quando alguém se encontra em uma posição de comando, é preciso que saiba planejar. Que estabeleça metas com sua equipe, organize trefas e controle o desenvolvimento do trabalho. Ele precisa saber onde se quer chegar e esteja alinhado com as determinações da empresa", afirma João Marcelo Furlan, sócio e fundador da Enora Leader, que promove cursos corporativos.

SEIS HABILIDADES NECESSÁRIAS - Saiba quais são algumas das principais características exigidas dos gestores que pretendem seguir no caminho que leva ao topo. O percurso, no entanto, é longo e pode ser traiçoeiro...
1. Desprendimento e incentivo - "Para gerir bem é preciso delegar. É necessário dar autonomia para os colaboradores, se não o gestor se sobrecarrega e acaba não permitindo o desenvolvimento dos funcionários", diz Fernando Montero da Costa. "Saber elogiar é outro fator importante. Não é hábito dos gestores, mas ele deve ser sincero  e espontâneo ao congratular seus comandados pelo serviço bem feito", diz Sonia Carminhato. Ela também diz que saber se comunicar é importante, mas outro fator dará apoio para os líderes diante de sua equipe: "Proteja e defenda os seus funcionários. Veja se eles têm uma carga horária e salário corretos e os promova com justiça."
2. Inteligância emocional - "Um cargo de comando é muito solitário, pois a pessoa não tem com quem dividir seus problemas. Ele é o catalizador e alvo dos problemas, por isso é preciso inteligência emocional para lidar com a ascensão", afirma Sulivan França. "O estresse só será um problema se a questão for desproporcional a sua comtepência. As dificuldades só vão aumentar. É preciso conviver com elas e para isso é preciso ser organizado. Ter qualidade na vida pessoal também ajuda", conta Eugenio Mussak. "A pressão sempre vai existir no cargo. Se você se espcializa e tem conhecimento, fica mais fácil. Mas entenda que ninguém é super-herói", conta Sonia Carminhato.
3. Humildade - A soberba é uma característica que deve ser esquecida pelos gestores, porque gera antipatia e pode minar a carreira. "O que se vê é que mutios líderes que subiram rápido ficam com ego inflado. Nesse momento é possível ver que ele não estava pronto para crescer. Falta humildade", diz Sulivan França. "Não seja arrogante, você não está em uma competição e nem precisa se sentir ameaçado pelos outros", afirma Sonia Caeminhato. "A vaidade é um dos piores pecados do gestor. É o que, muitas vezes, impede a organização de fazer mudança. É preciso ser mais humilde e se colocar de forma  a sempre ajudar a sua equipe", conta Roberta Yono Ebina.
4. Aceitação e paciência - "Deixe que a visão e os valores da companhia sejam seus guias na hora de se comportar. Faz sentido praticá-los em vez de inventar nova fórmula", diz Roberta Yono Ebina, da Muttare. Os resultados devem aparecer, mas também é preciso de tempo. "O gestor precisa de um período maior para mostrar suas competências. Ele próprio tem de ter consciência disso e saber pedir tempo para mostrar seu trabalho", afirma Ilana Lissker da Search. "Ao lidar com a empresa, é preciso entender que ela é um organismo vivo. Procure saber quais os objetivos dela, sua estratégia e  cultura. Porém, muitas vezes eles não estão escritos claramente, diz Eugenio Mussak.
5.  Conhecimento - Se você está ssumindo um cargo e não tem experiência, a primeira coisa é saber o que a empresa deseja de você naquele cargo", afirma Daniele Mendonça, da Across. Outro ponto a ser observado é o momento que a empresa vive." A companhia precisa de um líder específico dependendo da sua necessidade. Se a empresa quer se expandir é provável que precise de alguém agressivo", diz Sulivan França da SLAC. Também é importante saber se você quer e se está realmente pronto para assumir a posição. "Existe gestão de pessoas e de coisas. Uma coisa é saber lidar com projeto, estoque, etc. Outra é lidar com pessoas", afirma Eugenio Mussak.
6. Vontade de aprender - "A dica é continuar a se aprimorar sempre. O sucesso do passado não garante o do futuro. Mesmo que muitas empresas tenham programas de qualificação, não espere por eles", afirma Eugenio Mussak, da ABRH. "Um dos pecados do gestor é deixar de trabalhar seu desenvolvimento, pois sempre existe algo para se aprender. Se ele permanecer estagnado, pode perder o cargo. É preciso se aprimorar sempre para evoluir, ainda mais nos dias atuais, em que é preciso saber conviver com a mudança. É necessário se adaptar ao ambiente, às pessoas, às novas tecnologias, a mercados e a tendências", diz Fernando Montero da Costa, da Human Brasil.
- O semeador - é importante preparar os colaboradores para assumir o seu posto. Isso pode representar uma promoção mais rápida.
- O equilibrista - o gestor tem que andar na corda bamba, tentando satisfazer as necessidades da empresa e dos colaboradores.
- O apoiador - o gestor traz resultados em curto prazo, mas o líder forma equipes e incentiva criatividade.
(André Zara - O Estado de São Paulo. 26 de junho de 2011) 



quarta-feira, 8 de junho de 2011

A DESCRIÇÃO QUE ILUMINA
Romance do autor gaúcho que morreu em fevereio mostra como se delineia uma personagem
(Por Luiz Costa Pereira Júnior)
Era um escritor vulcânico, capaz de concluir um texto elegante e consistente minutos depois de solicitado. Moacyr Scliar escreveu mais de 70 livros, traduzidos em 12 idiomas, desde 1962, quando lançou Histórias de um Médico em Formação. A morte, aos 74 anos, em 27 de fevereiro, por falência múltiplas de órgãos após um AVC, abriu um vazio nas letras nacionais. Pois Scliar se revelou um autor sofisticado, capaz de retratar os laços invisíveis entre uma situação social muito específica e os paradoxos mais amplos da existência humana.
Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003 e autor premiado ( o mais recente foi o Jabuti de livro do ano dado a Manual da Paixão Solitária, em 2009), considerava que a formação do estilo resulta sempre de uma combinação de fatores. "Autores e autoras não decidem que espécie de estilo terão. Isto não é o fruto de uma decisão consciente, vai brotanto espontaneamente, como resultado de um background psicológico e cultural, do gênero escolhido e de outros fatores".
Filho de judeus russos, Scliar teve no humanismo, na leveza e na crítica social algumas de suas matrizes de inspiração. A temática judaica o levou a compor A Mulher que Escreveu a Bíblia (1999), romance que recebeu o Prêmio Jabuti 2000.
A trama da obra mostra uma mulher que, ao consultar um ex-historiador que virou terapeuta de vidas passadas, descolbriu ter sido a mais feia e única letrada das 700 mulheres do rei Salomão, no século 10 a.C. Baseado na ideia de que uma mulher teria sido a autora da Bíblia, a obra dosa momentos de escracho e requinte. O trecho a seguir (página 41 do livro) já foi aproveitado em vestibulares e concursos.
A Mulher que Escreveu a Bíblia
A mim pouco importava. Tendo descoberto o mundo da palavra escrita, eu estava feliz, muito feliz (...) Bastava-me o ato de escrever. Colocar no pergaminho letra após letra, palavra após palavra, era algo que me deliciava. Não era só um texto que eu estava produzindo; era beleza, a beleza que resulta da ordem, da harmonia. Eu descobria que uma letra atrai outra, essa afinidade organizando não apenas o texto como a vida, o universo. O que eu via, no pergaminho, quando terminava o trabalho, era um mapa, como os mapas celestes que indicavam a posição das estrelas e planetas, posição essa que não resulta do acaso, mas da composição de misteriosas forças, as mesmas que, em escala menor, guiavam minha mão quando ela deixava seus sinais sobre o pergaminho. (...) diria a ele que agora minha vida tinha sentido, um significado: feia, eu era, contudo, capaz de criar beleza. Não a falsa beleza que os espelhos enganosamente refletem, mas a verdadeira e duradoura beleza dos textos que eu escrevia, dia após dia, semana após semana - como se estivesse num estado de permanente e deliciosa embiraguez.

1. A frase interrompe uma descrição anterior sobre a condição de vida da personagem e prepara terreno para a digressão da frase seguinte. Tem a função de servir de passagem para o trecho mais decisivo do período para a construção da personagem: a enumeração das razões que constituem seu ato de escrever.

2. As implicações dessa enumeração (colocar letras no pergaminho, associá-las, ver o resultado da associação) mostram a perícia técnica do autor em inserir traços da personalidade da protagonista na descrição de suas tarefas.

3. Não é gratuito que o autor identifique a personagem por sua feiura. Ela é o combustível dramático da personagem, e Scliar reitera o fato de que a mulher feia foi escolhida pela habilidade de criar beleza por escrito. É seu trunfo, a razão que dá visibilidade e sentido à narradora.

4. A descoberta das possibilidades expressivas da escrita é a oportunidade para o autor exercitar o paralelo entre a criação do texto, a harmonização de fatos e falas num escrito, ao mistério do mundo. A física leva à metafísica. O pergaminho leva à reflexão sobre a ordem do universo. O concreto leva ao abstrato, a tese leva ao êxtase.

5. O autor chega à conclusão sobre a personagem que havia sido construída anteiormente pela enumeração das tarefas da escrita. Com habilidade, Scliar estabelece a síntese de elementos que estavam em germe ao longo do trecho.

6. O evidente paralelo entre a Sherazade de As Mil e Uma Noites e a narradora do livro de Scliar - ambas marcadas pela obrigação de narrar infinitamente - deve levar em conta a distância das situações de ambas: a primeira conta histórias para prolongar a própria vida; a segunda desfruta com deleite a tarefa de recolher as histórias que lhe foram atribuídas.

( Língua Portuguesa. Ano 5. nº 66 abril 2011)


segunda-feira, 6 de junho de 2011

8 JEITOS DE ENTENDER O MUNDO NO FEMININO

Gramática e ideologia se unem quando o assunto é definir a flexão das palavras pelo gênero
(Por Sirio Possenti)

As opiniões mais ou menos bem fundamentadas que circulam a propósito da forma "presidenta" são um bom pretexto para deixar um pouco mais claros alguns fatos sobre a questão do gênero na língua portuguesa. A seguir, em forma de itens, estão algumas afirmações quase isentas de dúvidas, em um tema nada simples.
Como se vê nestas páginas, quem acha que "presidenta" é forma inútil e "todos e todas" e formas assemelhadas são só jogadas ideológicas deveria aceitar facilmente que o chamado  masculino não é propriamente masculino, não se refere a seres ou objetos masculinos por algum critério "objetivo". O chamado masculino, em português, não passaria de ausência de marca de feminino. O caso não seria o único na língua. O português também não marca o singular de nomes, adjetivos e artigos. Trata-se de palavras apenas sem marca de plural.
É possível que derivações como a de "presidenta" venham a ser cada vez mais usadas, se cada vez mais houver mulheres executando tais funções. Muitos estranham a forma feminino só por ser pouco usada, o que se deve ao fato de não ter havido mulheres exercendo a função.

1. Nem toda palavra flexiona o gênero
a) Algumas palavras têm formas masculinas e femininas. Outras, não. Nos casos em que existem as duas formas, pode-se tratar o fenômeno como flexão, embora alguns o tratem como derivação. Por exemplo, "menina" é a forma feminina (derivação) de "menino". Mas "tecla" não tem correspondente masculino e "teclado" não tem correspondente feminino.
b) Em diversos casos, há algum tipo de correspondência entre palavras e coisas: por exemplo, existem, no mundo, meninos e meninas, e a língua tem formas que designam cada grupo ou cada membro de cada grupo.

2. Diferentes, mas não derivadas
a) Há casos em que a correspondência entre seres do mundo e palavras masculinas e femininas não é representada na gramática. Homem/mulher, boi/vaca, cavalo/égua, cachorro/cadela são alguns exemplos: as palavras femininas de cada uma dessas duplas referem-se a seres femininos, mas não são derivações das formas masculinas; são completamente diferentes delas.

3. Sem gênero oposto
a) Nem todas as palavras masculinas e femininas têm correlatos machos e fêmeas - elas constituem, na realidade, uma minoria. Basta considerar palavras como muro, tijolo (masculinas) e porta, chave (femininas), entre milhares de outras, em especial as ditas abstratas, como pensamento e intuição.

4. O peso da realidade
a) A existência ( a ocorrência) ou não de femininos de base gramatical, derivados de palavras masculinas, é, em muitos casos, efeito (embora não uniforme), de alguma correspondência de fatos da língua com fatos do mundo. Por exemplo, não haveria a forma parenta se só houvesse parentes masculinos. Por outro lado, o fato de haver algum tipo de distinção no mundo não cria formas gramaticais correspondentes. Emprega-se parenta, mas não tenenta - embora já existam mulheres tenentes. O mesmo vale para sargenta. Os fenômenos gramaticais relativos ao léxico são bastante irregulares.

5. Origem esquecida
a) Há femininos que resultam de derivação, mas sua origem é esquecida. Horta é o feminino de horto (Mattoso Câmara pensa que sim, Bechara também, mas o dicionário Houaiss não registra): horta é um tipo de horto, assim como jarra é um tipo de jarro e barca um tipo de barco. Observe-se que não há, nesser caso, nenhuma relaçlão entre gênero e sexo.

6. Mudança no radical
a) Muitos femininos diferem do masculino só em sua desinência (em -a, na maior parte). Mas um pequeno grupo de palavras femininas (e de plurais) é marcado pela mudança da vogal do radical: horto/horta, porco/porca, sogro/sogra (sogro/sógra, etc.)

7. O peso do contexto
a) A questão gramatical do gênero pode tornar-se socialmente relevante em certas épocas, vir a ser objeto de debate por motivos culturais, políticos, ideológicos. Esse movimento faz com que ocorram construções que não ocorriam ou se generalizem construções pouco usadas.
É por motivos ideológicos (valorização do feminino) que muitos iniciam suas falas com "Boa noite a todos e a todas", "Brasileiros e brasileiras", etc. É também por fundo ideológico similar, e militante, que permitiu que se fizesse a defesa explícita da forma "presidenta". E também por ideologia que surgiu discurso contrário, defendendo que tal forma não é necessária ou inexiste na língua (!) - apesar do registro de dicionários sisudos.

8. Na sintaxe
a) Gênero não diz respeito só a palavras, mas atinge o domínio da sintaxe. Há estudiosos que defendem que a maior garantia de que uma palavra é masculina é ser precedida do artigo "o" (e feminina, se "a"). Poucas palavras são precedidas ora por uma ora por outro artigo, conforme o grupo de falantes: o/a guaraná, o/a alface, etc. Na maioria, nenhma variação é observada. Por isso, esta  é garantia até mais sólida do que o sexo ("criança" pode ser menina ou menino, "leão" pode ser leão ou leoa, etc.) ou outro traço do ser. O que mostra que o gênero é questão interna à língua, é arbitrário.
b) Problema surge ao se explicar a concordância de predicados com sujeitos. Como explicar "navegar é preciso", se "navegar" é oração? Deve-se defender que é masculina? Ou enganar o ouvinte, abandonando o fato objetivo, substituindo "navegar" por "navegação' e assim explicar o feminino? e como explicar "hoje faz frio" (e não "fria"), se a oração não tem sujeito, nem oracional? Talvez se deva aceitar a hipótese de que o português marca morfologicamente só o feminino. Mesmo finais em o (menino) não seriam marcas de masculino (tese de Mattoso Câmara, Bechara e  John Martin), mas só vogal temática. 
(Língua Portuguesa. Ano 5. nº 66.abril/2011)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

EIS A QUESTÃO!


Das lentes de contato às chuvas de verão, como a vida contemporânea tem mudado os papéis do "ser" e "estar" no idioma
(Por John Robert Schimitz)
O contraste linguístico entre os verbos de ligação "ser" e "estar", bastante sutil, especialmente para aprendizes de português, normalmente não ocasiona problemas para os próprios nativos do idioma, como no caso das dificuldades observadas no uso no futuro do subjuntivo dos verbos "vir" e "ver": "quando eles 'vierem' para a cerimônia..."/ "quando eles 'virem' a destruição causada pela inundação..." ou o infinitivo flexionado "ao entrarem no elevador...", "ao irmos à festa...". O francês e o inglês (e outros idomas) têm um único verbo, respectivamente "être" e "to be", que são, sem contextualização, ambíguos em comparação com a língua portuguesa:
"Paul est curieux." Paulo (é/está) curioso.
Os dois verbos em português se tornam mais transparentes quando se acrescentam locuções adverbiais:
"Paulo é curioso por natureza.
Paulo está curioso esta tarde."
Observa-se que a locução "por natureza" co-ocorre apenas num enunciado que tem o verbo "ser"; a locução adverbial de tempo "esta tarde" co-ocorre só quando aparece "estar". Daí se vê que as duas orações que seguem são agramaticais e, por isso, levam asteriscos:
*Paulo é curioso esta tarde.
*Paulo está curioso por natureza.
Flexibilidade
Seguindo este raciocínio, diria que o verbo "ser" está ligado ao gênio das pessoas, a seus atributos, isto é, ao jeito delas. Os enunciados "Paulo é preguiçoso. Isso é jeito dele" ou "Ser preguiçoso...é o jeito dele" ocorrem no idoma, enquanto "estar", no mesmo contexto, não ocorre no sistema: *Estar preguiçoso... é o jeito (a natureza) dele".
Daí que "ser" é o verbo da essência e das características consideradas como inerentes e normalmente estáveis. Por exemplo: O livro é verde; João é professor; Maria é médica; a cobra é venenosa; as raposas são astutas, etc.
Agora, em vez de Paulo, podemos pensar em outra pessoa (fictícia). Paula é trabalhadora, cumpridora de suas responsabilidades, mas estando de férias num belo dia de verão na praia, nem sequer tem vontade de ler. Podemos caracterizar o seu comportamento nos seguintes termos: Ela está preguiçosa hoje; ela está sendo preguiçosa; ou ela está de preguiça. Ninguém é de ferro e ela merece umas boas férias para curtir os amigos.
Depreendemos disso que o verbo "estar" é o verbo que marca mudanças observáveis na interação entre os diferentes interlocutores, como por exemplo: João está vivo; o rei está morto; José está penalizado; estou morto de cansado, etc.
O sistema do português tem as suas regras internas, mas elas são flexíveis, permitindo que os usuários expressem livremente as suas intenções no jogo comunicativo. Os quadros a seguir mostram algumas dessas aplicações comunicativas que a vida contemporânea começa a exigir dos verbos "ser" e "estar".

As contingências do "ser" - A vida cotidiana tem provocado reformulações no uso dos verbos "ser" e "estar" no Brasil, para além dos falantes que até "brincam" com eles, em tom de galhofa:
"Esta noite eu estou sendo velho" = (estou me comportanto como velho).
"Esta semana eu estou sendo pobre" = ( finjo que não tenho dinheiro para gastar).
O verbo "ser" transmite os fenômenos da natureza que normalmente não mudam como nos enunciados: "As cidades de Manágua e de Chicago são lacustres.' e "A cidade de Juazeiro(BA) é fluvial." Mas as coisas mudam e a presença do verbo "estar" dramatiza nitidamente a situação que castiga na atualidade muitas cidades no Brasil e terras afora:
"A avenida princiapl de nossa cidade está fluvial há três dias."
"Devido a mais uma enchente, o centro da cidade está lacustre hoje."
"Ser" é ligado a nossa identidade: somos gente, eles são jornalistas, sou radialista, sou ministro. Mas todos conhecem as veleidades da política e muitos se lembram da "fritura" do ex-ministro Eduardo Portella, que disse, sem rodeios. "Estou ministro". Para transmitir a mesma situação em língua francesa  os falantes teriam de recorrer ao advérbio maintenant ou à locução adverbial "en ce moment": "En ce moment (maintenant), je suis le Ministre de l'Education Nationale".

O uso brasileiro do "estar" - Os usuários do idioma lançam mão do verbo "estar" para comunicar o seu estado de espírito, suas atitudes e sentimentos: estar de mal com alguém, estar com o saco cheio, estar com a bola toda, estar com tudo em cima, estar numa boa, estar numa sinuca, etc. Acredito que eles têm um carinho especial pelo "estar", porque, na conversa informal e íntima, o verbo sofre aférese e "está" vira "tá" e "estou", "to".
O mundo realmente mudou, pois hoje em dia, quem tem olhos azuis pode estar com  olhos cor de cristal, de topázio, ocre e mel graças às lentes de contato coloridas. Assim, os usuários do português podem jogar o verbo  ter "contra" estar com para marcar sucintamente diferenças: Maria tem olhos negros, mas hoje está com olhos cor de cristal! As pessoas que choram muito normalmente estão com os olhos vermelhos, ao passo que os coelhinhos, que aparecem nos anúncios na época pascal, vão continuar tendo os olhos vermelhos.

A união dos dois verbos - "Ser" ( latim sedere) e "estar" (stare) caracterizam o português (também o espanhol, catalão e galego), fato que motivou Caetano Veloso a mencionar os dois verbos em Língua: "Gosto de sentir minha língua roçar / A língua de Luís de Camões / Gosto de ser e estar / E quero me dedicar / A criar confusões de prosódia / E uma profusão de paródias..."
Em certas instâncias no Brasil, a dupla de verbos chega até a fazer companhia um ao outro, na fala e na escrita de alguns usuários, para tornarem os enunciados mais enfáticos:
"Trabalhei demais esta semana. Estou é cansado!"
"Estamos é contentes com as notícias alvissareiras."
(Língua Portuguesa. Ano 5. nº66.abril de 2011)



segunda-feira, 30 de maio de 2011

FLOR CULTA E BELA
Por Marcilio Godoi

"Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida"
(Florbela Espanca)

A vida de Florbela Espanca é roteiro que seria recusado por produtores de cinema sob a alegação de implausibilidade. Aqui o enredo em uma linha: pai, introdutor do cinematógrafo em Portugal, casa-se, mas tem filhos com a criada, em função de doença da mãe; bela filha cresce com temperamento artístico e é tratada como doente de nervos, embora seja das primeiras mulheres a ingressar na Universidade de Lisboa; casa-se três vezes, tem dois abortos, é incompreendida no meio em que vive; certo  dia, o único irmão, piloto, joga seu avião contra o rio Tejo; tradutora e poeta de lirismo dramático, suicida-se com dois frascos de Veronal.
Melhor simplesmente dizer que Florbela Espanca expressou o amor feminino em sonetos clássicos, não se rendendo aos experimentalismos do modernismo português, mas estava de certo modo à frente dele, em densidade psicológica. Escreveu intensamente, até que viessem as últimas palavras de seu diário, justificando o ato por não haver gestos novos nem palavras novas.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

LEITURA DE LINGUAGEM CORPORAL AJUDA NO TRABALHO
Se você já ouviu que o "corpo fala", mas não acreditou, pense de novo. A expressão corporal é estudada há anos e pode ser aprendida em curso. "Só de observar uma pessoa andar é possível descobrir muito sobre ela", diz o especialista no assunto, Ronaldo Cavalli. Segundo ele, aprender a arte da observar os movimentos pode trazer muitos benefícios para gestores.
Em seus cursos, ele ensina como detectar mentiras, preceber desmotivação nos funcionários e como gesticular do jeito certo para passar uma imagem de confiança e autoridade através da linguagem corporal. "Os políticos são os especialistas no assunto e se preparam com profissionais para passar a imagem ideal de líder", afirma Cavalli. O especialista conta que até a presidenta Dilma contou com ajuda durante a campanha para passar uma imagem de mais acessível. "Quando ela falava, levantava muito o queixo. Isso dava uma impressão de soberba. Mas ela foi bem assessorada e corrigiu o movimento", explica.
Além de executivos e políticos, o conhecimento da técnica pode ajudar também os candidatos na hora e conseguir um emprego.
"É importante saber como se portar para passar a melhor imagem para o recrutador." Para ele, a expressão corporal chega a ser mais importante que a fala, pois entra no campo do inconsciente da comunicação. "As pessoas que têm conteúdo muitas vezes se esquecem que a forma de se apresentar conta muito. É importante ser e parecer preprarado para a vaga desejada."

NEUROLINGUÍSTICA PARA OBTER EMPATIA
Criada na década de 1970 por um analista de sistemas e um linguista, a PNL-como é conhecida a programação neurolinguística - é outra arma que pode ser usada por gestores e empregados. A técnica defende que existem padrões na linguagem e no comportamento das pessoas. Estudando o assunto,  seria possível usar pequenos "truques" para gerar mais empatia. "O básico seria interagir de forma semelhante ao interlocutor e descobrir como ele quer ser tratado", afirma o consultor Ricardo Ventura.
Para ele, quanto melhor for a conexão gerada, mais abertura e intimidade com o outro. "São coisa simples como falar na velocidade, entonação e empolgação do outro", explica Ventura. Com a PNL seria possível analisar rapidamente uma pessoa e suas particulairdades verbais e corporais. Depois é estabelecer uma forma de agir que agrade.
(O ESTADO DE SÃO PAULO. domingo, 8 de maio de 2011)

quarta-feira, 23 de março de 2011

PONTO
1. Indica normalmente o término de uma oração:
- O ministro disse que, para sair da crise, o país precisava confiar mais nas instituições.
2. Usa-se ainda o ponto nas abreviaturas (à exceção daquelas que fazem parte do sistema mérito-decimal), mas não nas siglas:
- dr. (doutor), prof.(professor), m (metro), min (minuto), g (grama), kg (quilograma), PM (Polícia Militar), HC (Hospital das Clínicas), INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
3. Se a abreviatura vier no fim do período, coloca-se apenas um ponto (e não o ponto da abreviatura mais o final):
- Havia ali cães, galinhas, gatos, etc.
- A empresa era a Irmãos Almeida Ltda.
4. Use o ponto (sem espaço) nas inicias de nomes próprios:
- J.M. da Silva, P.C. Farias.
5. Em geral, não se usa ponto em títulos, mesmo quando contêm verbo (situação comum em jornais e revistas):
- Mais carne no mercado para os preços não subirem
- O compulsório acabou, mas a taxação continua alta

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Normalmente é empregado em interjeições (palavras ou frases que exprimem uma ordem, uma emoção, um apelo, etc.
- Que surpresa!
- Meu Deus!
- Suma daqui!

PONTO DE INTERROGAÇÃO
Utilizado habitualmente em uma pergunta, mesmo que ela possa não exigir resposta:
- Quem está aí
- O que será que eles querem?
- Quem tem medo de Virgínia Wolf?

PONTO-E-VÍRGULA
É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula. Seus princípios são:
1. Separa partes de um período em que já exista vírgula:
- Antônio formou-se engenheiro; o irmão, advogado.
- Depois, chamou o filho, que acabava de chegar; a mãe só observava.
2. Separa orações iniciadas por conjunções ou advérbios que indiquem restrição ou conclusão quando se quer ressaltar este sentido:
- Os soldados dormiam; então, os traficantes atacaram.
- Até agora, só hipóteses; mas a pesquisas avançam.
- Chegou atrasado à sala; por isso perdeu a melhor parte da conversa.
3. Separa os diferentes itens de documentos, leis, enumerações, portarias, regulamentos, decretos, etc.:
- Consideranm-se sujeitos à taxação: a) perfumes, cosméticos e produtos de troucador; b) bebidas fermemntadas ou destiladas; c) artigos eletroeletrônicos; d) joias e casacos de pele.

RETICÊNCIAS
1. Indicam uma hesitação ou a falta de conclusão de uma ideia:
- "Era fixa a minha ideia, fixa como... Não me ocorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta germânica." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.)
2. Em trabalhos acadêmicos, as reticências devem ser evitadas, para não dar caráter de indefinição ao texto. No entanto, são admitidas nos seguintes casos, muito comuns em livros, jornais e revistas:
a) Nas legendas em sequência:
- O touro enfurecido investe contra os populares.
- ...e é contido por um toureiro improvisado.
b) Entre parênteses, para indicar que uma citação foi interrompida e retomada mais adiante;
- Diz o estudo: "A população brasileira é comedida e repele os estremos. Teme os partidos de direita ou de esquerda. (...) Está sujeita, porém, à sedução dos líderes carismáticos que, ao longo dos anos, tem elegido com certa constância".

terça-feira, 22 de março de 2011

BARRA
Use a barra:
1. Em formas como:
. Km/h, homens/h, toneladas/mês, carros/dia.
2. Para separar um verso de outro, em composição recorrida:
. "Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá; / As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá."
(Gonçalves Dias, "Canção do Exílio".)
3. Na alternativa e/ou:
. Estariam ali os pais e/ou os filhos.
4. Nas datas:
. 3/6/1990; 10/11/2007.

DOIS PONTOS
São usados principalmente:
1. Nas citações, com verbo expresso ou oculto:
. Depois da reunião com o presidente, o ministro do Trabalho prometeu: "Os salários este ano ganharão da inflação."
. Almeida: "A recessão está no fim".
2. Nas enumerações:
. Vieram três dos seus filhos: João, José e Maria.
. O deputado fez duas ameaçãs: denunciar o acordo e romper com o governo.
3. Nas exemplificações, informações subsidiárias, esclarecimentos, sínteses ou consequências do que foi enunciado:
. Previsão de Guido Mantega: crescimento do PIB será de 5% este ano.
. Já se sabe: faltará cerveja.
. O governo reage: Código Penal para os agressores.
. Instituto faz as vontas e avisa: a inflação vai subir.
. Justificou-se: o que pretendia era chamar a atenção para o problema.
. Depois de dez anos, mulher não desiste: acha que marido está vivo.
4. Nos vocativos que encabeçam cartas, requerimentos e ofícios:
. Prezado senhor:
. Magnífico reitor:
. Ilustríssimo sr.:
. Excelentíssimo sr.:
(Resumão - Eduardo Martins)

quarta-feira, 16 de março de 2011

TRAVESSÃO
1. É usado para intercalar uma expressão explicativa ou complementar no período, equivalendo, conforme o caso, a vírgulas ou parênteses:
. O uso de atores conhecidos - geralmeente homens maduros - é outra distorção.
. Também para o contribuinte individual - autônomo, empregador e desempregado - é cada vez mais difícil recolher a taxa.
. O governador de Goiás - o Estado mais afetado pela medida - recusou-se a falar à imprensa.
2. Substitui os dois pontos:
. Eram assim seus dias - muito trabalho, pouco descanso.
. Eis o autor das denúncias - o próprio ministro.
3. Introduz uma pausa mais forte no período ou destaca a parte final de um enunciado:
. Uma noite com Chico - e Caetano.
. Estava estudando a vida de Átila - ele mesmo, o rei dos humos.
. O cineasta atacou a plateia de "intelectuais adultos" - suposta nata da crítica mundial.
4. Separa as datas de nascimento e morte de uma pessoa:
. São Paulo, 1905 - Rio de Janeiro, 1960.
5. É o sinal usado por jornais e revistas depois do nome da cidade de procedência de uma notícia:
. Brasília - O Supremo Tribunal Federal julgou ontem...
6. Se o segundo travessão coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais: 
. Depois de ter quitado 24 prestações, de um total de 50 - a última foi de R$589,20 -, o mutuário tentou transferir...
. Essa mensagem do jornal, publicado na edição de novembro - especial, com 20 páginas -, já indicava a disposição...
7. Jamais coloque mais de dois travessões no mesmo período, como no caso seguinte, para não confundir o leitor:
. "Essa prática - que privilegia o filho mais velho - é muito antiga e a Bíblia dá um exemplo - o de Esaú e Jacó - em que o primeiro vendeu o direito de primogenitura - e por um prato de lentilhas."
8. Indica os diálogos, como no exemplo abaixo:
. O porta-voz Sérgio Amaral ostentava uma gravata estampada de zebrinhas ao embarcar para a China na comitiva presidencial.
-O senhor está levando a zebra embora, embaixador? - brincou um repórter.
O assessor não perdeu a oportunidade de fazer ironia:
- Não, esta é só enfeite. A zebra estou deixando aqui.
9. Não se usa o travessão, e sim a vírgula, para isolar os verbos de uma declaração:
. "Todos nós", prosseguiu, "temos consciência dos problemas do país". E não "Todos nós" - prosseguiu - "temos consciência dos problemas do país."
Outros exemplos:
. Com essa medida, garantiu o presidente, seria possível apressar a votação. E não: "Com essa medida - garantiu o presidente - seria possível apressar a votação."
(Resumão. Eduardo Martins)


OUTROS SINAIS
ASPAS
1. Servem principalmente para indicar a reprodução literal de um período, oração, trecho de frase, palavra, lema ou slogan:
. Foi Euclides da Cunha quem escreveu: "O sertanejo é antes de tudo um forte".
. Segundo o ministro, "o aumento das exportações é a única saída para a economia brasileira no momento".
. O presidente afirmou que a gravidade da crise política "não permite hesitações".
. O professor considerou "impiedosa" a nova sistemática do Imposto de Renda.
. O tema da redação do vestibular foi: "O homem e a máquina".
. "Ordem e pogresso" é o dístico da bandeira.
2. As aspas podem ser empregadas também para ressaltar o valor de uma palavra ou expressão ou para indicar seu uso fora do contexto havitual.
. Circunlóquio significa "rodeio de palavras".
. Para ele, existe sempre um "mas" em tudo.
. Paris é considerada a "Cidade Luz".
. O exército rechaçou nova ofensiva dos "ultras".
3. Na transição de documentos, discursos, íntegras, etc., abra aspas apenas no começo e no fim do texto, e não a cada início de parágrfo. Se você  acrescentar algum título auxiliar ao texto, feche aspas antes dele e as abra novamente depois.
4. Se a frase inteira estiver entre aspas, o sinal de pontuação (ponto final, de interrogação, de exclamaçãe, etc.) será englobado por elas; caso contrário, ficará depois das segundas aspas:
. Disse o artista plástico: "Alguém discorda dessa filosofia de vida?".
Nesse caso, o ponto final encerra o período.
. O artista plástico disse que vivia "para pintar" e pintava "para viver".
. Segundo o professor, "a força criativa da economia já se transferiu para o setor informal".
. Quem se lembra ainda do "nada a declarar"?
. Todos garantiram: "Iremos até o fim".
5. Abra e feche aspas cada vez que truncar uma declaração por observações introduzidas no texto:
. "A nação", prosseguiu o deputado, "espera que o governo finalmente revele agora os nomes dos corruptos."
6. Abra a aspa simples (') para marcar a frase, expressão ou palavra de um texto que já esteja entre aspas:
. Diz a nota oficial: "O governo rejeita a classificação de 'omisso e insensível aos anseios populares' que consta do manifesto da oposição".
. O documento diz:"A euforia do 'já ganhou' pode prejudicar o candidato".
. "É preciso", advertiu o deputado, "evitar que das galerias partam novos gritos de 'canalhasd' ou 'vendidos' contra nós.
7. Nos diálogos, não utilize aspas, e sim travessões.
(Resumão. Eduardo Martins)
VÍRGULA e outros sinais de pontuação
VÍRGULA - serve para separar palavras, símbolos e orações de função idêntica:
- O Executivo, o Legislativo e o Judiciário são os três poderes da República.
- O ministro visitou Paris, Londres e Tóquio.
- Queria os filhos educados, respeitadores e estudiosos.
- É um homem que trabalha, viaja e se diverte.
- Amigos, parentes, vizinhos, de todos se afastou.
- 1, 3, 5 e 7 são números ímpares.
NUNCA SE SEPARA POR VÍRGULA
1. O sujeito do verbo:
- "O presidente, atacou a oposição."
- "Os homens de bem, nada terão que temer."
2. O verbo do complemento:
-Os sindicatos apresentaram uma lista de 15 reivindicações e não "Os sindicatos apresentaram, uma lista de 15 reivindicações."
- Os governos devem lutar pelo bem-estar do povo e não "Os governos devem lutar, pelo bem-estar do povo."
OUTROS USOS DA VÍRGULA
1. Para separar o vocativo:
- Vejam, amigos, o resultado do nosso trabalho.
- Diga logo, João, o que você pretende.
- Reage, São Paulo.
- Xô, Satanás.
- Respira, São Paulo.
- Responde, cidadão.
- Alô, goleiro.
- Atenção, políticos.
2. Para isolar o aposto:
- Machado de Assis, autor de Dom Casmurro, tem um estilo sóbrio e elegante.
ou: Autor de Dom Casmurro, Machado de Assis tem um estilo sóbrio e elegante.
- O mais rápido dos quatro, José chegou cinco minutos na frente.
ou José, o mais rápido dos quatro, chegou cinco minutos na frente.
3. Para indicar a omissão do verbo ou de um grupo de palavras:
- João trará as bebidas, Chico, os salgados e Maria, os doces.
- No céu azul, dois fiapos de nuvens.
- Estes, os livros que pedi.
- Elas, as mulheres das quais falei.
- O pai tem preferência pelos livros e os filhos, pelo esporte.
4. Para separar palavras e locuções explicativas, retificativas e continuativas (como por exemplo, ou então, isto é, ou seja, além disso, por assim dizer, aliás, a propósito, então, com efeito, vale dizer, ao contrário, a saber, data vênia, por outra, a meu ver, etc.):
- Os dois, isto é, pai e filho...
- Queria todos os bens, ou seja, carro, casa, terras e dinheiro.
- Veja, por exemplo, este caso.
- Diga, então, o que quer.
- Esse é, por assim dizer, o eleito dos céus.
- Acrescente-se, além disso, outro detalhe.
- A compra de material, a meu ver, é indispensável.
5. Para separar, nas datas, o nome do lugar:
- São Paulo, 16 de março de 2009.
6. Para separar o nome, a rua e o número nos endereços:
- Fulano de Tal, Avenida Rebouças, 5.423, ap. 36, São Paulo, SP.
No casa de caixa postal, porém, não há vírgula:
- Fulano de Tal, Caixa Postal 43.
7.À exceção de e, ou e nem, antes de todas as conjunções coordenativas, como mas, porém, todavia, contudo, não obstante, no entanto, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, logo, pois, portanto, assim, por conseguinte, por isso, de modo que, então, porque, que (= pois), porquanto, etc.
- O governo aceitou o pedido, mas sob algumas condições.
- Chegou atrasado, entretanto ainda conseguiu assistir ao espetáculo.
- Garantiu que faria o que pudesse, no entanto não cumpriu o prometido.
- Ele irá, quer queira, quer não queira.
- Ou sai logo, ou perde o trem.
- Ora se exalta, ora se conmporta com moderação.
- É muito inteligente, logo fará o trabalho sem dificuldade.
- Esquivou-se com habilidade, de modo que o golpe não o atingiu.
- Saia depressa, porque o trem está partindo.
- Ande logo, que (= pois) ela está para chegar.
- Conseguiu o emprego que queira, pois era o melhor dos candidatos.
a) Use a vírgula antes e depois dessas conjunções, sempre que elas estiverem intercaladas no período:
- O ferido pediu socorro; nenhum motorista, no entanto, parou para ajudá-lo (porém, todavia, contudo, entretanto).
- Chegou muito cansado;não quis, pois, ir ao teatro (portanto, por conseguinte).
- Estava sem camisa; sentia, por isso, muito frio.
b)Quando iniciarem frase, porém, contudo, todavia, no entanto e entretanto poderão ou não se seguidas de vírgula:
- Os livros custam caro; todavia, vou comprar alguns deles.
- Os livros custam caro; todavia vou comprar alguns deles.
c) Como mas sempre inicia frase, não use nesse caso a vírgula:
- Diga o que quiser: Mas seja rápido. ( e não: "Mas, seja rápido").
d) Também não são seguidas de vírugla, quando iniciam frase, as conjunções ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora. pois, de modo que, que (= pois), porque e porquanto.
8. E, ou e nem:
Não use vírgula antes de e, ou e nem, a não ser nos casos seguintes:
a) Quando o e liga orações de sujeitos diferentes, e se pode subentender uma pausa na leitura, admite-se a vírgula:
- O filho foi reprovado outra vez, e os pais resolveram tirá-lo daquela escola.
Em textos jornalísticos, porém, raramente haverá vírgula:
- O governo admitiu o erro e os empresários protestaram.
- Gil lança novo disco e Caetano conclui seu filme.
b) Usa-se a vírgula se o e e o nem estiverem repetidos na frase, por ênfase ou enumeração:
- "Ele fez o céu, e a terra, e o mar; e tudo quanto há neles."
- Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe, nem o filho.
c) O e, ou e nem podem ser precedidos de vírugla caso se queira dar ênfase a uma afirmação ou introduzir uma pausa na frase:
- É melhor sairmos logo, ou não?
- Afinal o chefe é ele, ou são vocês?
- Não mudo de opinião, nem que me matem.
- O governo tentou, e a providência já vinha tarde, conter os seus gastos.
9. Para separar os elementos paralelos dos provérbios:
- Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
- Tal pai, tal filho.
- Longe dos olhos, longe do coração.
10. Advérbios e adjuntos adverbiais podem ou não ser separados por vírgula, especialmente quando curtos ou constituídos de uma única palavra:
- Aqui se trabalha.
- Aqui, trabalha-se.
Quando mais longos, convém usar a vírgula, por questão de pausa  ou clareza.
- Nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, a cidade seguia sua vida, sem novidades.
- A vegetação voltava a crescer, depois de muitos anos de seca.
- O escritor terminou, antes do tempo previsto, o romance tão esperado.
11. Para separar os objetos pleonásticos:
- As palavras, leva-as o vento.
- Bons jogadores, já não existem tantos como antigamente.
Se não se deseja dar ênfase ao objeto ou se ele é um pronome oblíquo, omite-se a vírgula:
- O caráter molda-o a vida.
- a mim me parece irrelevante essa opinião.
12. Para separar palavras repetidas:
- Tudo, tudo, tudo pôs a perder.
- Amigos, amigos, negócios à parte.
13. Para separar adjetivos que exercem função predicativa:
- Atento e cuidadoso, dava sempre o melhor de si.
- Nunca pensei que ele, limitado e pouco brilhante, obtivesse tamanho sucesso.
14.Para separar orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo:
- Encerrando o ciclo de palestras, o engenheiro falou sobre as agressões do homem ao meio ambiente.
- Os soldados puseram-se em fila, atendendo ao toque de reunir.
- Chegado o momento, você será avisado.
- O barco desapareceu sem deixar vestígios, tragado pelo forte redemoinho.
- Para fazer valer sua opinião, usava os métodos que pudesse.
- Ainda fomos ao teatro, apesar de estarmos esgotados.
15. Para separar orações subordinadas adverbiais, especialmente quando colacadas antes da oração principal ou mesmo depois:
- Quando terminou a sessão, os deputados deixaram apressadamente a Câmara.
- O prazo está encerrado, como você pensava.
- Se tudo corresse bem, eles chegariam antes do anoitecer.
- Traga-nos a reportagem ainda hoje, se for possível.
- Embora houvesse muita gente no estádio, nada de grave acorreu.
- Não me impedirão de vir aqui hoje, ainda que o tentem.
- À medida que o governo perdia força, a oposição aumentava sua influência.
- Para que a admininstração pública funcione melhor, é preciso mudar mentalidades.
- Enquanto a formiga trabalhava, a cigarra cantava.
- Porque ninguém lhe dava atenção, a criança começou a chorar.
16. Para separar orações ou locuções intercaladas que interrompam a fluência da oração principal:
- Disse, como era seu hábito, os piores desaforos possíveis.
- Não explicou, até porque nada lhe perguntaram, a razão daquela estranha atitude.
- "Vejo aqui", prosseguiu o deputado, "pessoas que não pertencem à Câmara."
- Os soldados, que não conheciam o local, avançaram com medo.
- Antes de mais nada, pensamos nós, era indispensável sair dali.
- Mais empenho, e não desculpas, era o que se pedia.
- O casal, com o dinheiro recebido, conseguiu mobiliar a casa.
- O criminoso, já condenado à morte, recusava-se a admitir sua culpa.
- E, quando lhe pediram a opinião, disse que o assunto não era com ele.
- Porque, para tudo sair de acordo, faltava a adesão deles.
- Pois, por injusto que possa parecer, não adianta ir contra a natureza.
O que não se pode usar é apenas a segunda vírgula nas intercalações, como nestes exemplos:
- "O jogador disse que quando foi atingido por trás, perdeu o controle."
A vírgula antes de quando é indispensável.
- "Mas até agora, a única ameaça concreta é..."
Existe vírgula antes de até.
- "E a propósito, desistiu de vez de disputar a prefeitura."
A propósito deveria estar entre vírgulas.
Observação - não há vírgula se a oração restringe o sentido do sujeito (isto é, não funciona como oração intercalada):
- O pai que gosta dos filhos faz tudo por eles.
- O mais velho dos depoutados que estavam presentes abriu a sessão da Câmara.
17. Com sim e não:
- Sim, senhor; é o que todos esperavam.
- Não, amigos, ninguém o demove dessa decisão.
- É o que quero, sim.
- Não, nunca pedi isso.
18. Não existe vírgula antes de orações (substantivas) deste tipo:
- Pedimos que ele viesse.
- Esperamos que ele saia.
- Não sabia se todos o conheciam.
- Não pensava que tudo ia se acabar daquela maneira.
19. No caso de inversão violenta dos complementos da frase, a vírgula pode dar-lhe maior clareza:
- Do país, a maior riqueza eram os poços de petróleo.
Ordem direta: A maior riqueza do país eram os poços de petróleo.
- A opinião era unânime, dos homens e mulheres.
Ordem direta: A opinião dos homens e mulheres era unânime.
20. Jornalisticamente, é o sinal que se adota, em vez do travessão, para isolar os verbos intercalados nas declarações ou opiniões:
- Com aquela providência, garantiu o prefeito, a cidade resolveria definitivamente o problema das enchentes.
- Esses recursos, opinou, deveriam ser utilizados na compra de novas vacinas.
COM NOMES DE PESSOAS
Procure distinguir os casos em que o aposto vai entre vírgulas ou não:
1. Usa-se entre vírgulas o nome do detentor de um cargo ou a qualificação de uma pessoa quando só uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação:
- O jogador foi recebido no Rio pela mulher, Maria Angélica.
(Se a frase, sem vírgula, fosse "O jogador foi recebido no Rio pela mulher Maria Angélica", isso indicaria que o jogador tem mais de uma mulher.)
- O senador foi à festa com a nomorada Eliseth", a falta de vírgula indicaria que ele tem mais de uma namorada.)
Veja outros exemplos:
- O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, garantiu...(Só há um presidente da República.)
- O governador de São Paulo, José Serra, requereu ontem...(Só há um governador de São Paulo.)
2. Não existe vírugla quando mais de uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação:
- O promotor de Justiça João de Almeida enviou ontem...(Há mais de um promotor de Justiça.)
- O ex-presidente da República Fernando Collor declarou...(Há mnais de uma ex-presidente da República vivo.)
- O deputado federal pelo Rio de Janeiro Fernando Gabeiro pediu...(Há mais de um deputado federal pelo Rio de Janeiro.)
- Antônio chegou à festa com o filho Marcos. (Essa forma indica que Antônio tem mais de um filho.)
Se ele tivesse só um filho, o certo seria: Antônio chegou à festa com o filho, Marcos.
3. Um erro comum é acreditar que o último ex tem seu nome entre vírgulas. Isso não acontece e deve-se proceder da forma já explicada:
- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (aplica-se a regra de que ele é um ex-presidente entre vários) não foi convidado para a solenidade.
- O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckim(também é um ex-governador entre vários) realizou palestras na semana passada.
- O ex-técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira (é um ex-técnico da seleção da seleção  entre vários) admitiu os desentendimentos com...
VÍRGULA E NÃO PONTO
Números decimais no Brasil são expressos por vírgula ( e não ponto, como nos Estados Unidos). Assim:
- A inflação deste mês deverá ser de 0,75% ( e não "o.75%").
- Os carros subiram 8,9% (e não "8.9%).
- A intensidade de terremoto foi de 6,4% graus ( e não "6.4 graus") na escala Ritcher.
Da mesma forma:
- 2,1 bilhões, 36,7ºF ( e não "2.1 vilhões", "36.7ºF").
OBSERVAÇÕES FINAIS:
1. A vírgula indica pausa ou ênfase. Por isso, nos casos em que ela for facultativa, use o bom senso ou siga o ritmo da frase(nunca, porém, separando o sujeito do verbo ou verbo do complemento).
2. Evite a virgulação excessiva, principalmente quando uma série de adjuntos adverbiais se sucede na frase:
- "O presidente disse, ontem, em Brasília, às 15 horas, depois da reunião do Ministério, que..."
Se for importante colocar o horário logo na primeira frase, ela pode ganhar ritmo  ou uma pequena inversão:
- O presidente disse, às 15 horas de ontem, em Brasília, depois da reunião do Ministério, que...
De qualquer forma, intercalações exageradas sempre prejudicam a fluência da frase, estejam ou não marcadas por vírgulas.
- O presidente disse ontem que as mudanças econômicas...
Depois, poderão ser colocados todos os demais detalhes.
3. Se houver parênteses ou travessões na frase, a vírgula virá depois do segundo deles:
- Apelou para os mais influentes amigos (ministros e deputados, entre eles), quando lhe quiseram tomar as terras.
- Os países endividavam-se sem cessar - porque isso era fácil na década de 70 - ainda que não soubessem como viriam a pagar seus compromissos.
4. Numa enumeração pode haver vírgula antes do verbo:
- Artigos, comentários, críticas, eram matéiras que não lhe interessavam.
(Resumão- Eduardo Martins)

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